Com parte significativa da população cética em relação à gravidade da pandemia da Covid-19, demonstrada na participação em festas e até concurso de miss infantil, o coronavírus segue avançando em Mato Grosso do Sul. Em um mês, o número de casos teve aumento de 500%, de 261 para 1.568, e o de mortes cresceu 122%, de nove para 20.
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Atualmente, o coronavírus já circula em 50 dos 79 municípios sul-mato-grossense. Há um mês, no dia 1º de maio, só havia caso confirmado em 21 cidades. A evolução da doença começa a aparecer no número de internações, que passou de 15 para 65 no período. Atualmente, 14 pessoas estão na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), contra apenas três no início do mês passado. (veja o boletim de hoje)
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A última morte confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde foi do caminhoneiro Eli Simão da Silva, 61 anos, que ficou internado no Hospital Regional Rosa Pedrossian, referência no tratamento da Covid-19. Com hipertensão e diabete, ele não resistiu a pandemia e se tornou a sétima vítima a morrer na Capital.
O mais grave é que a pandemia ganha força no Estado em meio à propagação de fake news e descrença de parte da população. No final de semana, moradores da Capital participaram de festas lotadas e até debocharam das autoridades com a hastag “em casa”. Resende ficou perplexo ao tomar conhecimento de concurso de miss infantil, que reuniu dezenas de crianças e adultos.
O ritmo da contaminação ganha velocidade. Em uma semana, Mato Grosso do Sul confirmou 545 novos casos, com o número total saltando de 1.023 para 1.545. A situação é mais grave na região da Grande Dourados, onde houve aumento de 119% em sete dias, de 262 para 574 casos.
Para Geraldo Resende, não há dúvidas de que a região se tornará o epicentro da pandemia da Covid-19 em MS. Ele prevê que Dourados, que viu o número de pacientes infectados crescer 101% em uma semana (de 152 para 306), ultrapasse a Capital e lidere o ranking estadual de casos confirmados. No mesmo período, Campo Grande registrou aumento de 27%, de 245 para 312.
Evolução em MS
Evolução | 1º de maio | 1º de junho |
Casos | 261 | 1.568 |
Óbitos | 9 | 20 |
Cidades | 21 | 50 |
Internados | 15 | 65 |
UTI | 3 | 14 |
A situação é mais complicada ainda em Rio Brilhante, a 150 quilômetros da Capital, onde houve aumento de 1.250% no número de casos em uma semana, de 4 para 54. Em Douradina, o crescimento é de 250%, de 20 para 62. Em Fátima do Sul houve oscilação de 115%, de 32 para 69 casos confirmados.
A situação mais preocupante, para o Ministério Público Federal, é na Reserva Indígena de Dourados, onde vivem aproximadamente 13 mil índios. Há 17 dias, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou o primeiro caso positivo da Covid-19 na aldeia. Agora, 74 índios estão com a doença.
“Há consenso na comunidade científica sobre a vulnerabilidade das populações indígenas às doenças respiratórias como o Covid-19. Esse fator, somado à situação de especial vulnerabilidade social e econômica a que estão submetidos os povos indígenas no país, bem como as dificuldades logísticas de comunicação e de acesso aos territórios tradicionais, agrava o risco à saúde dos indígenas em Mato Grosso do Sul”, alertou o MPF.
O DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) investiga a morte de uma mulher de 58 anos na reserva. Ela morreu após apresentar os sintomas da Covid-19 e pode ser o primeiro óbito da pandemia nas aldeias de Mato Grosso do Sul, onde vivem aproximadamente 80 mil índios.
O MPF queria obrigar o Governo federal a doar máscaras de proteção para todos os índios no Estado, mas o pedido de liminar foi negado pela Justiça Federal.
Evolução nos municípios
Evolução | 1º de maio | 1º de junho |
Campo Grande | 134 | 312 |
Dourados | 13 | 306 |
Três Lagoas | 52 | 146 |
Guia Lopes da Laguna | 0 | 230 |
Fátima do Sul | 0 | 69 |
Rio Brilhante | 0 | 54 |
Bonito | 0 | 46 |
Douradina | 0 | 62 |
Itaporã | 0 | 45 |
Apesar do avanço da pandemia, a Prefeitura de Bonito manteve a reabertura do turismo a partir desta segunda-feira (1º). Em uma semana, o número de casos no município teve aumento de 53%, de 30 para 46.
A prefeitura informou que todos os casos são de trabalhadores do frigorífico. Nenhum morador teve sintomas graves nem chegou a ser internado por causa da Covid-19. A indústria deu férias coletivas aos 80 operários como parte da estratégia para conter o coronavírus.
Apesar da manutenção do decreto de retomada do turismo, segundo a assessoria, os maiores hotéis de Bonito continuam fechados e só devem reabrir em julho. Os atrativos turísticos continuam fechados, porque não houve a apresentação do plano de biossegurança.