O secretário estadual especial Dirceu Lanzarini, 62 anos, foi o 9º político a ser brutalmente assassinado nas últimas duas décadas em Mato Grosso do Sul. Somente dois assassinatos tiveram motivação política. Dois ex-vereadores de Campo Grande foram vítimas de latrocínio, enquanto na fronteira, os políticos entraram para a estatística das execuções praticadas em decorrência da guerra entre facções. Um ex-prefeito foi morto a mando da mulher.
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Prefeito de Amambai por três mandatos, ex-secretário estadual da Juventude, ex-presidente da Fundesporte e atual assessor especial do Escritório de Gestão Política, Lanzarini foi morto após ser baleado durante discussão com o funcionário Luiz Fernandes, o Luiz Paraguaio, 54 anos, na segunda-feira de Carnaval (24).
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O ex-prefeito foi socorrido pelo genro, Kesley Aparecido Vieira Matricardi, 33, também ferido com dois tiros, e encaminhado em estado grave para o Hospital do Coração, em Dourados. No entanto, ele não resistiu aos ferimentos e morreu no período da tarde. O sepultamento ocorreu na manhã de ontem (25) no Cemitério Municipal de Amambai.
Conforme a Polícia Civil, Luiz Paraguaio usou trator para fugir. Apesar de várias corporações estarem envolvidas na caçada, que conta até com helicóptero, ele ainda não foi localizado e segue foragido.
Dirceu foi o 3º político a ser vítima de homicídio exercendo uma função pública. No dia 30 de outubro de 1999, a prefeita de Mundo Novo, Dorcelina Folador (PT), foi executada dentro de casa aos 36 anos de idade. Pistoleiros teriam sido contratados por R$ 35 mil na época (R$ 120 mil em valores atualizados) por Jusmar Martins da Silva, que foi demitido do cargo de secretário municipal.
O segundo caso como motivação política e com a vítima exercendo função pública ocorreu às 13h do dia 26 de outubro de 2010, na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande. O presidente da Câmara Municipal de Alcinópolis, Carlos Antônio Costa Carneiro, 40 anos, foi morto com três tiros. Filho do vice-prefeito da cidade, ele teria sido executado por pistoleiros contratados por R$ 20 mil.
Em julho do ano seguinte, o Garras prendeu o prefeito de Alcinópolis, Manoel Nunes, o presidente da Cãmara, Valter Roni, e o vice-presidente do legislativo, Valdeir Lima, pelo assassinato do vereador. No entanto, em 2016, o prefeito acabou absolvido por falta de provas.
Três ex-vereadores de Campo Grande foram assassinados. O advogado criminalista William Makdsoud Filho morreu após levar dois tiros dentro do escritório no dia 5 de abril de 2006. Na época, conforme a polícia, ele pegou R$ 100 mil da facção criminosa PCC, que controlos presídios, mas não conseguiu fazer a transferência. Os bandidos exigiram o dinheiro, mas Makdsoud só entregou R$ 30 mil e acabou sendo punido pelos tiros.
No dia 20 de setembro de 2016, o ex-vereador Alceu Bueno foi vítima de latrocínio. Suposta amante do ex-parlamentar o atraiu para a embosca, onde o grupo lhe matou com golpes de tábua de carne para roubar dinheiro. Após o assassinato, o grupo desovou o corpo e ainda ateou fogo no cadáver. Os assassinos de Bueno foram condenados pela Justiça no ano seguinte.
Cristovão Silveira, 65, e a esposa, Fátima de Jesus Diniz da Silva, 56, foram mortos a tiros e tiveram os corpos queimados no dia 18 de julho de 2017 em uma chácara na MS-080, saída para Rochedo.
O caseiro da propriedade e o filho teriam tramado o assassinato para roubar a caminhonete, TV de 40 polegadas, dois telefones celulares, as alianças e R$ 1,2 mil em dinheiro. Os assassinos foram condenados a pena de 45 a 48 anos de prisão em regime fechado.
O ex-prefeito de Três Lagoas, Miguel Tabox, 69 anos, foi morto com cinco tiros na cabeça no dia 8 de janeiro de 2001. Conforme as investigações, a esposa, Milene Tabox, 45, e o amante, Alessandro Vaz Lino, encomendaram o crime para ficarem com os bens do político. Eles foram condenados pela Justiça.
Já as execuções registradas em Ponta Porã seguem impunes. Ex-prefeito da cidade, ex-deputado estadual e ex-deputado federal, Oscar Goldoni, 66, foi morto a tiros no dia 15 de setembro de 2015.
Outra vítima da guerra de facções na fronteira foi o ex-vereador e candidato a prefeito de Ponta Porã, Chico Gimenez, morto a tiros no dia 17 de janeiro do ano passado. Ele era tio do narcotraficante Jarvis Gimenez.
O prefeito de Paranhos, Dirceu Betoni (PSDB), foi vítima de atentado, ao ser alvo de seis tiros e ser atingido por três em 14 de junho de 2018. Ele sobreviveu ao atentado, mas ninguém foi preso pelo crime.
No início deste mês, o deputado federal Loester Trutis (PSL), foi vítima de atentado na manhã de domingo quando ia para Sidrolândia. Nove disparos teriam atingido o veículo. O parlamentar revidou e diz ter sido salvo por milagre. O caso é investigado pela Polícia Federal e as motivações do atentado não foram divulgadas até momento.