Acusados de ser chefe do grupo de extermínio, os empresários Jamil Name e Jamil Name Filho teriam encomendado os assassinatos do dono do Correio do Estado, jornalista Antônio João Hugo Rodrigues, e do então delegado geral da Polícia Civil, Jorge Razanauska. No entanto, eles teriam se arrependido a tempo e até pediram o dinheiro de volta, conforme relatório do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).
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As revelações teriam sido feitas pelo guarda municipal Marcelo Rios, preso com grande arsenal de armas de fogo, inclusive fuzis usados em guerra, em maio deste ano. O material foi encontrado na casa comprada em 2017 pela família Name.
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O ex-senador Antônio João e Razanauskas tiveram sorte, porque os empresários recuaram. Conforme despacho do delegado Fábio Peró, do Garras, “o crime só não ocorreu porque dias depois os chefes se arrependeram e pediram o dinheiro de volta”.
O sócio do Correio do Estado é crítico contumaz da influência da família nas redes sociais. Ao tomar conhecimento do caso pelo site TopMídiaNews, o ex-candidato recorreu ao Facebook para confirmar a história. “Tomei conhecimento, hoje cedo, de notícias segundo as quais eu teria sido jurado de morte pelo bicheiro Jamil Name e seu filho Jamilzinho. Já tinha sido advertido por amigos de algo de muito grave poderia acontecer comigo, com o comando do Condomínio do Mal. Fiquei sempre atento”, confirmou.
Em seguida, ele retomou tom característico. “Jamil Name é amigo de poderosos. Que frequentavam sua casa semanalmente, na confraria do vinho. Juízes e desembargadores, deputados estaduais e federais. Boa parte deles, sempre às ordens”, ressaltou Antônio João.
“Os ‘poderosos’ e ameaçadores tomaram conta de muitos setores políticos e judiciais. Mandam e desmandam. Os amigos obedecem como cordeirinhos. Alguns chegam a ser sócios de Jamil Name. Um absurdo!”, condenou.
“Para encerrar, uma advertência aos jovens jornalistas. Cuidem-se, pois a bandidagem é cada vez maior”, alertou. “Para finalizar: não se espantem se os assassinos forem soltos logo. Estarão prontos para matar. Jornalistas, é claro”, concluiu.
Jorge Razanauaskas comandava a Polícia Civil quando, em março de 2011, a corporação foi às ruas e recolheu as famosas bancas laranjas do jogo do bicho. Na época, ele manteve a caçada à contravenção, mas evitou se manifestar.
Em decorrência desta operação, realizada há oito anos, o jogo do bicho passou a adotar a discrição em Campo Grande. Desde então, as apostas no tradicional gato preto são feitas com discrição no Centro e na periferia da cidade.
Outras vítimas das execuções feitas a mando dos chefes do grupo de extermínio não tiveram a mesma sorte. O universitário Matheus Coutinho Xavier, 19 anos, foi executado a tiros por engano no lugar do pai, o capitão da Polícia Militar, Paulo Xavier.
Outras mortes teriam sido do ex-chefe da segurança da Assembleia Legislativa, sargento Ilson Martins Figueiredo, Marcel Costa Hernandes Colombo e Orlando da Silva Fernandes.
Além de Marcelo Rios, José Moreira Freires, o Zezinho, condenado a 18 anos e seis meses pelo assassinato do delegado aposentado Paulo Magalhães, teria participado das execuções. Ele teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, mas está foragido.
Conforme o Garras, Zezinho fugiu em maio deste ano após ser jurado de morte pelos supostos chefes da organização criminosa. Outro motivo da fuga pode ser a prisão de Rios no mesmo mês, que levou os integrantes da organização criminosa a destruir provas e temer pelas prisões.
Jamil Name Filho teria seguido conselho do advogado Renê Siufi e se hospedado na casa do padrinho, o empresário Fahad Jamil, que já foi conhecido como “rei da fronteira”.
O Tribunal de Justiça já negou habeas corpus contra a maioria dos presos na Operação Omertà, deflagrada na sexta-feira pelo Gaeco, Garras, Força-Tarefa da Polícia Civil, Batalhão de Choque e Bope.