Abalado com a repercussão da reportagem a ser exibida neste domingo pela TV Globo sobre o advogado Rodrigo Souza e Silva, que virou réu na terça-feira (17) por ser mandante do roubo da propina de R$ 270 mil, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) partiu para o ataque para defender o filho. Para confundir a opinião pública, o tucano criticou o Fantástico e o promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, que começou a investigação.
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O Fantástico decidiu recuperar a história de Rodrigo porque a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul aceitou, por unanimidade, a denúncia feita pelos promotores Adriano Lobo, Humberto Ferri e Marcos Alex contra o filho do governador. Ele viro réu por ser mandante do roubo da propina destinada a comprar o silêncio do corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco.
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O vídeo com a chamada do programa deste domingo viralizou nas redes sociais e grupos de whatsapp. Após o silêncio dos jornais, sites e emissoras locais a respeito do assunto, o tucano viu a repercussão e decidiu se manifestar. A estratégia da defesa é semelhante à adotada no final da campanha eleitoral do ano passado, de confundir a opinião pública.
Inicialmente, sobre o recebimento da denúncia pelo Tribunal de Justiça, Reinaldo garante que o filho é inocente. “Temos todas as provas ali e aonde que a gente vai provar isso? Na Justiça”, disse, conforme registro do Midiamax. “Eu acredito muito na Justiça. Eu sempre tenho dito que a verdade prevalece à mentira”, ressaltou.
“Qualquer filho defende um pai. Qualquer pai defende um filho. Até se ele tiver errado. Mas eu posso dizer pra vocês: o Rodrigo não tem culpa nenhuma. Está sendo vítima de uma armação mais uma vez e eu tenho certeza confiando na Justiça, a Justiça vai prevalecer”, frisou Reinaldo.
Em seguida, o governador ataca o programa Fantástico, da TV Globo. “Infelizmente temos órgãos sensacionalistas e mentirosos, é uma matéria requentada para me atingir, atingir a honra de pessoas honestas, não conseguiram comigo, agora acusam o meu filho”, acusou.
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A parte requentada pode ser a que citará despacho do ministro Felix Fischer, relator da Operação Vostok no Superior Tribunal de Justiça, em que Rodrigo é acusado de contratar o grupo não apenas para roubar a propina, mas para matar Polaco. De acordo com o magistrado, o corretor vinha manifestando o interesse em fazer delação premiada.
O Fantástico sinaliza que exibirá o depoimento feito pelo chefe do grupo, o pedreiro Luiz Carlos Vareiro, o Véio, em que ele fala do plano para executar Polaco. O plano não deu certo. Seis dias após pegar a propina do comerciante Ademir José Catafesta, o grupo foi preso pelo Batalhão de Choque.
No ano passado, Reinaldo usou a decisão do STJ, que o absolveu por unanimidade da denúncia de cobrança de propina em troca de incentivos fiscais a curtume e frigoríficos veiculada no Fantástico. Ele apresentou a absolvição de todos os crimes, inclusive do apurado na Vostok, que é o pagamento de R$ 67,7 milhões em propinas pela JBS.
O governador também decidiu acusar o promotor Marcos Alex. “Todo mundo sabe que existe uma demanda judicial entre o meu filho e o promotor de Justiça. Foi aberto no Conselho Nacional do Ministério Público uma sindicância para apurar todos esses fatos que estão sendo elencados na matéria”, afirmou.
O CNMP chegou a arquivar a representação de Rodrigo Souza e Silva contra o promotor, que tem fama de “xerife do MPE” por não se assustar com a reação dos poderosos. No entanto, o conselho decidiu abrir a sindicância após o próprio governador chancelar a denúncia feita pelo filho. Eles alegam que o promotor vazou a história do roubo da propina para a imprensa.
Reinaldo prefere ressaltar a sindicância aberta pelo MPE e a decisão da juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal, que rejeitou a denúncia contra o filho. O governador nem cita que a decisão da magistrada foi revista pelos desembargadores José Ale Ahmad Netto e Jonas Hass da Silva Júnior e pelo juiz Waldir Marques.
O STJ mantém dois inquéritos contra o governador. O 1.190 apura o pagamento de propina pela JBS. O outro, de 1.243, apura a eventual participação do governador no plano para matar Polaco. Os dois tramitam em sigilo há mais de ano na Corte Especial.
Com a decisão do Tribunal de Justiça, May Melke Siravegna conduzirá o processo contra o filho do governador. Ela também é responsável pelo julgamento por porte ilegal de arma de fogo do empresário Breno Fernando Solon Borges, filho da desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges, do TJJMS.
Breno foi preso com arma de fogo em fevereiro de 2017 e foi condenado a nove anos por organização criminosa pela 2ª Vara Criminal de Três Lagoas. Ele ainda responde por tráfico de drogas e de munições pela Vara Única de Água Clara.