Para justificar a aprovação da redução de 30% nos salários dos 9 mil professores convocados da rede estadual, o deputado estadual Lídio Lopes (Patri) afirma que a proposta tem o aval da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul). Presidente da entidade, Jaime Teixeira, reagiu e acusou o parlamentar de “mentiroso” e “safado”.
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A guerra em torno do projeto do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que prometeu valorizar os profissionais da educação na campanha e agora quer reduzir salários e benefícios, é travada nas redes sociais.
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Réu por manter uma funcionária fantasma por quatro anos na Assembleia, Lídio distribuiu áudio nas redes sociais e grupos de aplicativos para justificar o projeto que reduzirá em 30% o salário dos professores convocados. De acordo com o deputado, o projeto conta com o aval da Fetems.
Como a direção da entidade convocou protestos para pressionar os parlamentares, Lídio diz que é simulação. “O barulho é orquestrado. A Fetems não criou nenhuma objeção”, afirmou, em mensagem gravada para o professor Cleiton.
Para o parlamentar, a proposta é boa, apesar de reduzir o salário em 30%. Lídio aponta como vantagens a contratação por um ano, podendo ser renovado por mais um, o pagamento de férias, 13º e licença maternidade de até cinco meses.
O parlamentar recorre ao mesmo terrorismo do governador, de que pode faltar dinheiro para pagar salários. Ele explica que o recurso do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) está no teto e pode faltar dinheiro para pagar os professores.
Em vídeo gravado na manhã de hoje, o presidente da Fetems nega que a entidade tenha feito acordo. “A Fetems não fez acordo”, afirma Teixeira, deixando claro que gravou só para desmentir o deputado.
“Lídio Lopes é mentiroso e safado”, acusa o sindicalista. “Não aceitamos que votem o projeto, não vamos aceitar que professor receba menos”, frisou. Ele destacou que o pagamento de salário diferenciado entre convocado e concursado é inconstitucional.
Ainda ontem (9), o ex-presidente da Fetems, Roberto Botarelli, também desmentiu Lídio. “É fake news”, acusou. Ele reforçou que a federação não abre mão a respeito do salário dos convocados, que devem receber o mesmo valor pago aos efetivos.
A Assembleia Legislativa discute o projeto hoje e o Governo tem maioria para aprovar a proposta. O PT, por meio de Pedro Kemp, deve propor dez emendas para alterar a proposta e manter os benefícios, como a isonomia salarial e o mandato classista com ônus para a origem.