O Governo do Estado não repassa dinheiro da saúde desde janeiro deste ano e deve R$ 11 milhões à Prefeitura de Campo Grande, agravando, se isso é possível, a situação de calamidade da saúde pública. Sem vagas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), pacientes agonizam em leitos improvisados e dependem de ambus, respiradores manuais, para continuar vivos.
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Nesta segunda-feira (8), a Santa Casa desistiu da ação na Justiça que pedia o bloqueio de R$ 19,5 milhões do município como voto de confiança. No entanto, os problemas persistem no maior hospital do Centro-Oeste, já que médicos autônomos não recebem há três meses. O atraso no pagamento dos profissionais com cadastro de pessoa jurídica, os PJs, chega a 120 dias.
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O atraso nos salários levou a suspensão das cirurgias eletivas e atendimento ambulatorial nas áreas de cirurgia torácica e cardiovascular pediátrica. O quadro só não é pior, porque a Associação Beneficente usou repasse feito pelo município referente ao mês de abril na semana passada para repassar R$ 750 mil à Servan, empresa dos anestesiologistas, e quitar parcialmente a dívida.
O assunto foi tema de reunião de emergência na quinta-feira (4) no Ministério Público Estadual, que teve a presença do presidente do hospital, Esacheu Nascimento, e do secretário municipal de Finanças e Planejamento, Pedro Pedrossian Neto.
O secretário manifestou interesse da prefeitura em resolver a situação e destacou que o prefeito Marquinhos Trad (PSD) assumiu com quatro meses em atraso em 2017. Ele sinalizou que poderá por fim ao atraso no repasse com o Refis, o terceiro da atual gestão, que deve arrecadar R$ 12 milhões até o mês de agosto.
No entanto, conforme Pedrossian Neto, o problema é o atraso no repasse para o custeio das Unidades de Pronto Atendimento e Centros Regionais de Saúde, que não é feito pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) desde o início deste ano. Ele disse que a dívida soma R$ 11 milhões.
O secretário disse que o pagamento do débito pela Secretaria Estadual de Saúde resolveria o problema. Ele disse que só o gasto com pessoal da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) teve aumento de R$ 4 milhões por mês.
Esacheu voltou a queixar-se do déficit da Santa Casa, um problema antigo, que seria de R$ 6 milhões por mês. O dirigente fez apelo à promotora Daniela Cristina Guiotti para evitar a suspensão dos serviços essenciais do hospital. Ela se prontificou a agendar reunião de emergência com o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, para buscar uma solução para o problema.
Enquanto as autoridades e os dirigentes do hospital trocaram acusações, os pacientes lutam pela vida em locais inadequados e só ficam vivos por milagre. Na manhã de hoje, quatro doentes estavam na ala vermelha do Pronto Socorro da Santa Casa aguardando vaga na UTI.
Como não há vaga para o tratamento intensivo, funcionários se revezam para mantê-los vivos por meio de respiradores manuais. Outros quatro pacientes estão na mesma condição em UPAs, ou seja, respirando por meio de ambus.
O Jacaré procurou a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde e aguarda retorno sobre a denúncia de atraso de R$ 11 milhões no repasse ao município.