Recebendo R$ 51.516,48 por mês do Governo do Estado, 2.528% maior que o valor médio pago aos trabalhadores brasileiros, o secretário estadual de Administração e Desburocratização, Roberto Hashioka, fez longo desabafo no Facebook. Ele se diz vítima de fake news e tentou justificar o valor extra de R$ 41,7 mil pago em janeiro deste ano.
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Prefeito de Nova Andradina por três mandatos, ele comanda a árdua missão dada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) de convencer os servidores estaduais a aceitar o reajuste zero. A única boa notícia foi a manutenção do abono de R$ 100 a R$ 200 para 37,7 mil funcionários por mais 12 meses.
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“São muitas as “Fake News” que têm circulado pelas redes! Uma delas associa a mim, proventos que não correspondem ao salário que recebo como Secretário de Estado”, postou domingo (2) na rede social. (confira aqui)
Para ajudar o secretário de Administração a combater as notícias falsas, O Jacaré foi checar o Portal da Transparência para desvendar, mais uma vez, o salário de Hashioka.
Por mês, ele acumula vencimento de R$ 51.516,48, que é resultado da soma do subsídio de R$ 28.369,82, como secretário de Estado, com o provento de R$ 23.146,06 (R$ 22.896,66 mais R$ 250), como engenheiro aposentado da Agesul.
O valor total pago ao titular da Secretaria Estadual de Administração é 2.528% maior do que o valor médio pago aos trabalhadores da iniciativa privada no Brasil, de R$ 1.960. A conta é a mesma feita por Hashioka, só que ele só comparou com o valor médio do salário pelo Governo aos servidores estaduais (R$ 4.791,26), que seria 144,45% superior ao valor do brasileiro comum. (veja matéria do Midiamax)
Em relação ao valor médio do salário dos servidores estaduais, o secretário de Administração ganha 975% a mais. O valor é mais que dez vezes maior.
Em entrevista aos jornais e sites na segunda quinzena de maio deste ano, o secretário mostrou-se disposto a corrigir a disparidade. “No Brasil a desigualdade social deve ser resolvida, e isso não é diferente no serviço público, onde tem suas desigualdades. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, a base da pirâmide salarial hoje está muito longe do topo”, afirmou, conforme registrado pelo Midiamax.
Infelizmente, a preocupação não é reduzir a desigualdade entre os salários pagos ao primeiro escalão e os servidores. No Brasil, parte da sociedade acha normal uma minoria ganhar supersalários, enquanto a maioria é obrigada a sobreviver com muito pouco.
Na postagem do Facebook, o secretário tenta interromper a corrente que fala sobre o salário de R$ 92 mil pago em janeiro. “O governo não pode pagar tudo isso. Salário do secretário é de R$ 28 mil brutos, o que significa R$ 21 mil líquido”, justificou-se.
Em entrevista ao Midiamax nesta segunda-feira (3), ele voltou a explicar a indenização de R$ 41 mil paga em janeiro. De acordo com o secretário, o valor se refere a férias e recisão do Detran, onde exerceu o cargo de presidente por um ano e três meses, entre setembro de 2017 e dezembro passado.
Veja as diferenças | |
Média do trabalhado brasileiro | R$ 1.760 |
Servidores estaduais de MS | R$ 4.791,96 |
Roberto Hashioka | R$ 51.516,48 |
Para quem ainda duvida desta reportagem, o secretário explica como a veracidade pode ser checada. “Não condiz com a realidade o que têm circulado pelas redes sociais a respeito dos proventos a mim direcionados. Informo que tais informações podem ser validadas através do Portal da Transparência do Governo de Mato Grosso do Sul, dados estes abertos e disponíveis a todos os cidadãos como estabelece a Lei de Acesso a Informação. O acesso se dá pelo link: www.transparenciams.gov.br (Clicar em “Pessoal” – será aberta a página Consulta-Remuneração – Clique em continuar | No passo seguinte, digitar o nome do servidor – no caso, Roberto Hashioka)”, explicou (portal).
“Por fim, destaco que meu trabalho segue pautado na austeridade. Com muita honradez e dedicação, minha equipe e eu seguimos firmes no desafio de manter a sustentabilidade das contas públicas de Mato Grosso do Sul, o que exige seriedade. E assim faremos. Não deixemos que as “Fake News” ditem a forma como nos relacionamos com os servidores públicos do Estado, afinal, também faço parte dessa importante categoria que tanto têm contribuído para o desenvolvimento de MS e é nosso maior patrimônio”, justificou-se.
A única pergunta sem resposta ainda é o descumprimento do teto do funcionalismo público estadual, que deveria ser o salário de R$ 35.462 pago ao governador. Como acumula dois vencimentos, Hashioka recebe acima do valor permitido por lei.
O Jacaré já fez vários questionamentos ao Governo sobre a forma como a lei é cumprida no Estado, mas não houve manifestação até o momento. Responsável pela administração da folha, Hahioka não é o único secretário que acumula aposentadoria e salário de R$ 28,3 mil.
Por outro lado, o Governo não tem dinheiro para, pelo menos, conceder a reposição da inflação acumulada nos últimos 12 meses.