O Governo de Mato Grosso do Sul paga até R$ 5 mil para 28.656 servidores públicos estaduais, conforme levantamento divulgado ao Campo Grande News pelo secretário estadual de Administração e Desburocratização, Roberto Hashioka. Este valor é o acréscimo que o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) teve no próprio salário no início deste ano, que passou de R$ 30.471,12 para R$ 35.462,27.
[adrotate group=”3″]
Nesta quarta-feira (22), Hashioka e o secretário estadual de Governo, Eduardo Riedel, entregaram aos deputados estaduais o projeto que estende o abono de R$ 100 a R$ 200 por mais 12 meses. O temível reajuste zero se tornou oficial.
Veja mais:
Pobre, MS paga o maior salário de governador do País a Reinaldo Azambuja
Salários de Reinaldo e secretários vão subir 33%, apesar de servidor só ter tido reajuste de 6,07%
Reinaldo turbina salários e comissionados recebem até 35% acima do previsto em lei
MS estoura gasto com pessoal e servidores devem ser penalizados com mais medidas amargas
Ex-secretário de Fazenda ganhou R$ 220 mil em um mês e R$ 950 mil em 2019
Sem crise! Governo paga salário de R$ 92 mil a secretário de Administração
Presidente da Ageprev tem dois salários e ganhos somam R$ 83 mil em janeiro
Na prática, Reinaldo congela o salário dos 75 mil funcionários públicos, aposentados e pensionistas. Ele recusou a proposta do Fórum dos Servidores, de incorporar o abono e autorizar reajuste de, pelo menos, a inflação de 4,78% acumulada nos últimos 12 meses.
O governador alega que estourou o limite prudencial no gasto com pessoal, o que pode implicar em penalidades para a administração estadual. A Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe contratações, reajuste e até pode levar a suspensão nos repasses federais em caso de descumprimento.
Só que o tucano adota a matemática do Robin Hood às avessas. O famoso ladrão inglês tira dos ricos para distribuir entre os pobres. O atual governador prioriza os mais abonados.
Neste ano, houve aumento de 16,38% para secretários estaduais, para o vice-governador Murilo Zauith (DEM), o próprio governador, juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça, conselheiros do Tribunal de Contas e promotores de Justiça. Alguns chegam a receber mais de R$ 100 mil de salário.
Com patrimônio oficial superior a R$ 38 milhões, conforme a declaração feita à Justiça Eleitoral, Reinaldo teve acréscimo de R$ 4.991,15 no salário. Conforme o levantamento de Hashioka, 28,656 servidores estaduais ganham até R$ 5 mil por mês.
O cenário chega a ser tão injusto, que 9.034 funcionários ganham metade deste valor para custear as despesas de casa, energia, água e ainda custear os eventuais gastos com saúde, educação e aluguel.
De acordo com o levantamento, 151 funcionários recebem R$ 1.174,42 por mês. Eles vão ficar sem reajuste e serão obrigados a trabalhar por cinco meses para acumular só o aumento que o governador teve direito neste ano.
A situação é mais dramática para 294 funcionários, a ralé do Poder Executivo, que ganham R$ 854, 16% abaixo do salário mínimo de R$ 998. O Governo não foi capaz de autorizar, pelo menos, a correção nos menores salários, medida que garantiria o mínimo de dignidade para quem ganha pouco.
“Temos que encurtar a distância entre a base da pirâmide salarial com o topo, isso só é possível revendo com as carreira mais impactadas com os menores salários. Nem sempre na revisão geral atende”, admitiu o secretário, que recebe R$ 51,5 mil por mês, contabilizando o salário de secretário e a aposentadoria.
O estudo foi feito pelo Governo para convencer a população de que o reajuste zero não é uma medida má. Conforme o levantamento, que vem sendo propagado de forma ostensiva por jornais e sites, o servidor estadual ganha, em média, R$ 4.791, valor 29% acima da média salarial paga aos funcionários públicos brasileiros. Este cálculo é feito pelo IBGE e inclui todos os funcionários públicos, inclusive dos municípios mais pobres do Brasil.
De acordo com o suposto estudo, o valor do funcionalismo sul-mato-grossense é 144% a mais do o trabalhador da iniciativa privada, de R$ 1.960.
Os deputados da base aliada vão usar o estudo para justificar a aprovação do projeto. No entanto, os servidores prometem não engolir a história sem lutar.
Os administrativos da educação iniciaram greve por tempo indeterminado na segunda-feira e devem manter o movimento.
Policiais militares e bombeiros vão fazer assembleia conjunta no sábado para decidir se aceitam o congelamento ou definem um calendário de manifestações. Apesar de serem proibidos de fazer greve, eles podem optar por aquartelamento como último recurso.
Os policiais civis param no dia 31 deste mês e podem aprovar greve por tempo indeterminado, mesmo sendo considerada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal.
Agentes penitenciários e trabalhadores da saúde também devem realizar reuniões na próxima semana para definir como lutar pelo menos, pela incorporação do abono e reposição da inflação. Nenhuma categoria tem a ilusão de que conseguirá o reajuste de 16,37%, dado ao governador e um grupo de privilegiados.
2 Comentários
Pingback: A pedido de André e após 11 anos, STF considera ilegal efetivação de servidores sem concurso – O Jacaré
Pingback: De volta ao TJ, presidente suspende liminar e mantém 8h sem qualquer benefício a servidor – O Jacaré