Sem participar de nenhuma sessão nem apresentar projetos de lei, os deputados temporários Junior Coringa (PSD), Carla Stephanini (MDB) e Coronel Isaías Bittencourt (PRB) custaram caro ao contribuinte brasileiro. Para atuarem como deputados federais por menos de 30 dias, apesar de o legislativo estar de recesso, os três custaram quase meio milhão de reais, R$ 412,5 mil.
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Somente no mês passado, com a divulgação do valor desembolsado com a verba de gabinete pelo Portal da Transparência da Câmara dos Deputados, foi possível o cálculo do gasto total com cada deputado. O valor inclui a cota parlamentar, os salários de assessores e dos deputados.
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O campeão foi Ademar Vieira Júnior, o Coringa, que criou o factoide de “fazer quatro anos em um mês”. O atual subsecretário municipal de Direitos Humanos de Campo Grande ganhou destaque nacional ao ficar deslumbrado por assumir a vaga de Luiz Henrique Mandetta (DEM), que renunciou ao mandato um mês antes do fim para assumir o Ministério da Saúde.
No total, Junior Coringa custou R$ 164.039,10. Ele foi o único dos três com mandato tampão que recebeu o salário integral de R$ 33.763. A posse ocorreu no dia seguinte ao Ano Novo e ficou memorável com a má vontade do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que joga a caneta para o deputado assinar o termo de posse.
Ele destinou R$ 91 mil para pagar os salários dos funcionários contratados para o curto período de mandato. O deputado só não usou os R$ 111,6 mil destinados para o pagamento de salários, porque alguns comissionados trabalharam por menos de 20 dias.
O Jacaré já tinha divulgado que ele ficou em primeiro lugar no ranking dos deputados que mais utilizaram a cota parlamentar em janeiro, com R$ 39.219,23.
O mandato tampão do pastor Isaías Bittencourt custou R$ 160 mil, conforme o Portal da Câmara. Ele usou 81,08% da verba de gabinete (R$ 90,5 mil) e R$ 36,8 mil da cota parlamentar. O deputado recebeu R$ 32.637,57 de salário, já que assumiu com atraso em decorrência da demora na posse após a renúncia do deputado federal Geraldo Resende (PSDB).
Gasto do contribuinte em menos de 30 dias
Deputado | |
Junior Coringa (PSD) | R$ 164.039,10 |
Coronel Bittencourt (PRB) | 160.056,90 |
Carla Stephanini (MDB) | R$ 88.470,08 |
Carla foi a mais econômica em utilizar os recursos a disposição durante o mandato tampão. A emedebista só usou R$ 88,4 mil.
Dos R$ 111,6 mil previstos para pagar salários de funcionários, a ex-vereadora só usou R$ 32,4 mil (29,03%).
A discrição só não foi total, porque a deputada usou R$ 8 mil dos R$ 23,4 mil da cota parlamentar para a divulgação da atividade parlamentar. Os três destinaram quantias generosas para a divulgação, ou seja, fazer barulho com o pouco tempo de mandato.
Todos os gastos foram legais, mas põe em xeque a necessidade de se empossar deputados diante de um País com tantas necessidades e os gastos públicos no limite.
É necessário pagar tão caro para que se simule trabalhar como deputado, já que todos sabem da complexidade das relações em Brasília. Geralmente, um parlamentar leva até um ano para conhecer os meandros do poder e conseguir liberar recursos. Sem falar que nenhum projeto foi votado no período.
E toda esta festa custou quase meio milhão de reais.