O empresário João Roberto Baird, o Bil Gates Pantaneiro, lavou R$ 8,5 milhões no Paraguai. O dinheiro foi enviado por meio de empresas fantasmas, doleiros clandestinos e depósitos em contas de moradores e empresas na fronteira. As revelações constam da 10ª denúncia na Operação Lama Asfáltica aceita pela Justiça Federal.
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Conforme O Jacaré antecipou com exclusividade 17 de abril deste ano, a ação penal foi aceita no dia 8 do mês passado pelo juiz substituto Sócrates Leão Vieira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande. Com a decisão, Baird, 57 anos, e os seus supostos laranjas, o empresário Antônio Celso Cortez, 63, e o pecuarista Romilton Rodrigues Oliveira, 60, viraram réus por evasão de divisas e organização criminosa.
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Eles usaram doleiros clandestinos para enviar R$ 1,934 milhão (valor atualizado) ao Paraguai entre 26 de junho e 29 de setembro de 2017, após a deflagração de quatro fases da Operação Lama Asfáltica pela Polícia Federal.
Baird usou Romilton para criar a Ganadera Carandá S.A., na qual possuíam R$ 721 mil. Eles ainda declararam o depósito clandestino de R$ 4,116 milhões (R$ 5,378 milhões em valores atuais) em bancos paraguaios. No total, os três possuíam R$ 8,520 milhões no país vizinho.
Para lavar o dinheiro, Cortez teria uso duas empresas, a Midas Consultoria de Comércio Exterior e a Rave S.A.. Esta última era administrada por outros dois testas de ferro, Luiz Fernando de Barros Fontolan e Fábio Portela Machinsky, conforme a denúncia do procurador Davi Marcucci Pracucho.
Outra empresa usada para transferir o dinheiro foi a Vida e Cor Enxovais Cama, Mesa e Banho, de Malta (PB). Apesar de não contar com nenhum funcionário, a companhia paraibana emitiu cinco boletos, que totalizaram R$ 172 mil.
Agenda apreendida na casa de Cortez na Operação Papiros de Lama, 5ª fase, revelam depósitos em nome de empresas, aposentados e empresários de Paranhos, Coronel Sapucaia, de MS, Umuarama (PR) e de Pedro Juan Caballero, que teriam sido repassados para uma casa de câmbio paraguaia.
Além da evasão de divisas, a Polícia Federal descobriu que a fazenda Carandá, que Baird possui no Paraguai, possui 32 mil hectares. A revelação teria sido feita por Romilton Rodrigues Oliveira, preso na Operação Computadores de Lama, denominação da 6ª fase deflagrada no final de novembro do ano passado.
A denúncia foi feita à Justiça no dia 11 de dezembro do ano passado, quando os três ainda estavam presos. Eles foram soltos por liminar concedida em sigilo pelo desembargador Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Nesta ação, o procurador pede a condenação por evasão de divisas e organização criminosa e a devolução de R$ 17,041 milhões aos cofres públicos. Baird pode ser condenado a ressarcir R$ 8,520 milhões, enquanto Romilton a R$ 6,586 milhões e Cortez, R$ 1,934 milhões.
Esta é a segunda vez que Baird e Cortez viram réus por supostamente integrar a organização criminosa investigada na Operação Lama Asfáltica. Na primeira, eles são réus, ao lado do ex-governador Puccinelli (MDB), pelo pagamento de R$ 22,5 milhões em propinas pela JBS em troca de incentivos fiscais.
A 11ª denúncia foi rejeitada pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal. Ele determinou que Davi Pracucho desmembre a ação em quatro e as reapresente ao juízo. No entanto, o MPF recorreu ao TRF3, onde o pedido será julgado pela 5ª Turma, que tem se mostrado mais favorável aos réus nesta operação.
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