Preso há quase nove meses, o ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal Edson Giroto vai enfrentar o 3º julgamento na Operação Lama Asfáltica. O juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, negou pedido para anular a ação por enriquecimento ilícito e marcou a audiência para ouvir as testemunhas e interrogar o réu a partir das 14h do dia 28 de fevereiro deste ano.
[adrotate group=”3″]
Conforme o promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, do Patrimônio Público, Giroto não comprovou a origem de R$ 6,594 milhões, sendo R$ 2,8 milhões na mansão cinematográfica no Residencial Damha I, R$ 1,9 milhão na compra de aeronave e R$ 1,893 milhão na compra de duas fazendas.
Veja mais:
Lama Asfáltica: 1º julgamento de ex-deputado por peculato deve demorar oito dias
Justiça interroga Giroto e esposa e conclui 1º julgamento da Lama Asfáltica na 3ª Vara Federal
Juiz descarta perícia e marca 1º julgamento por improbidade da Lama Asfáltica
Engenheiro vira réu por gastar R$ 1,8 milhão na compra de fazendas com Giroto e Beto Mariano
O julgamento do ex-deputado ocorrerá no dia seguinte ao do ex-coordenador da Agesul, João Afif Jorge, réu por improbidade por não comprovar a origem de R$ 1,893 milhão na compra de imóveis rurais. Ele será julgado no dia 27 de fevereiro.
Não será a primeira vez que Giroto, que foi secretário municipal de obras nas gestões de André Puccinelli (MDB) na prefeitura e no Governo do Estado, senta no banco dos réus. A 3ª Vara Federal concluiu o julgamento por lavagem de dinheiro de R$ 7,630 milhões na compra da Fazenda Encantado do Rio Verde.
O processo está na fase das alegações finais antes da sentença do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira. Outras cinco ações penais contra Giroto tramitam no local.
Na ação civil por enriquecimento ilícito, Giroto teve R$ 6,594 milhões bloqueados em março do ano passado. Para a Polícia Federal, o ex-deputado era um dos chefes da organização criminosa criada para desviar recursos públicos por meio de direcionamento e fraude em licitações, corrupção e pagamento de propina a servidores públicos.
De acordo com Marcos Alex, o patrimônio e a movimentação financeira eram incompatíveis com a renda de agente público do ex-secretário. A casa custou R$ 4,215 milhões, mas ele e a esposa, Rachel Giroto, só declararam ter gasto R$ 1,419 milhão.
O ex-parlamentar ainda gastou R$ 1,9 milhão na compra de um avião, que acabou vendido a um produtor de algodão de Maringá
Em parceria com o chefe de obras da Agesul, Wilson Roberto Mariano, o Beto Mariano, e Afif, ele investiu R$ 1,461 milhão na compra da Fazenda Maravilha, em Corumbá. Em consórcio com o mesmo grupo, Giroto entrou com R$ 432 mil para comprar a Fazenda Vista Alegre, em Rio Negro.
Na defesa, Giroto alegou que as provas foram colhidas sem autorização judicial, o que deveria levar à anulação da ação por improbidade administrativa. Ele destaca que não foram anexadas as provas colhidas na Operação Lama Asfáltica para justificar a continuidade do processo na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos.
A defesa repetiu a estratégia de João Jorge Afif e solicitou a realização de perícia para comprovar que não houve movimentação nem patrimônio incompatíveis com a renda.
“Ocorre que existência de recursos financeiros para a aquisição de bens é fato de fácil verificação, já que se trata de números. Ou a pessoa tem recursos financeiros ou rendimentos suficientes para tanto ou a pessoa não tem.Não é preciso um perito para demonstrar isto”, justificou David de Oliveira Gomes Filho para rejeitar o pedido e marcar o julgamento.
O magistrado pretende interrogar o réu e ouvir as testemunhas de defesa e de acusação.
Caso a ação seja julgada procedente, o ex-deputado pode perder a mansão, que já chegou a vender para um médico, as duas fazendas e o dinheiro obtido com a comercialização da aeronave.