As investigações contra o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), em tramitação no Superior Tribunal de Justiça, vão ser comandadas por delegados famosos pela linha dura na gestão de Jair Bolsonaro (PSL). O delegado Cleyber Malta Lopes, que indiciou o presidente da República, Michel Temer, vai assumir o SINQ (Serviço de Inquéritos Especiais) da Polícia Federal, setor encarregado dos inquéritos envolvendo políticos com foro especial no STJ e no Supremo Tribunal Federal.
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Ele ganhou notoriedade ao indiciar Temer no inquérito dos portos por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O delegado não se intimidou com a pressão, manteve a investigação contra o presidente da República e ainda causou a queda do diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia.
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De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Cleyber Malta faz parte dos planos do superministro da Justiça, Sérgio Moro, de priorizar o combate à corrupção.
Além dele, a equipe que vai tirar o sono dos políticos com foro especial é composta por delegados que integraram a Operação Lava Jato, considerada a maior ofensiva contra a corrupção na história brasileira.
O pioneiro na operação, o delegado Márcio Anselmo, será nomeado coordenador-geral de Repressão à Corrupção. Já o delegado Igor de Paula Romário, que chefiou praticamente todas as operações da Lava Jato, será diretor de Combate à Corrupção. Os dois vão ser os chefes de Malta.
Moro deverá reforçar o SINQ, que tinha 13 equipes da PF e foi reduzido a cinco. A expectativa é dar mais agilidade à investigação contra políticos. Um caso emblemático envolve o deputado federal Geraldo Resende (PSDB), indicado para assumir a Secretaria Estadual de Saúde. Ele é investigado há sete anos no STF em decorrência do suposto pagamento de propina em Dourados, conforme indícios levantados na Operação Uragano. O caso segue na fase de inquérito na corte.
Maior agilidade na investigação também pode ser boa para o governador sul-mato-grossense, que alega inocência e sofre desgaste com as denúncias feitas na delação premiada da JBS. Conforme o inquérito 1.190, o tucano teria recebido R$ 67,7 milhões em propinas do grupo em troca de incentivos fiscais, que causaram prejuízo de R$ 207 milhões aos cofres estaduais.
O relator do inquérito, ministro Félix Fischer, autorizou a Operação Vostok, em 12 de setembro deste ano, que inclusive prendeu 14 pessoas, entre as quais estavam o filho de Reinaldo, o advogado Rodrigo Souza e Silva, e o deputado estadual José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira (DEM).
O governador tem enfatizado que é vítima de pilantras, no caso os delatores da JBS, e nega ter cobrado propina da JBS. Ele tem enfatizado que vai ser absolvido, como ocorreu no inquérito 1.198, que apurou o suposto pagamento de propina pelo curtume Braz Peli e foi tema de reportagem do Fantástico.
O outro inquérito, de número 1.243, apura o suposto assalto para recuperar a propina de R$ 270 mil ao corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco. Um dos presos revelou que o plano era matar o corretor, que também foi preso na Operação Vostok.
Reinaldo tem reiterado que esta acusação é absurda.
Principal juiz da Lava Jato, Sérgio Moro pretende reforçar outras investigações contra a corrupção. A Operação Lama Asfáltica, que apura o suposto desvio de R$ 432 milhões, poderá ter reforço, já que a equipe atual é limitada a pouquíssimos profissionais.
A esperança é que a PF crie uma força-tarefa, o que poderia dar agilidade ao caso, que se arrasta desde 2013, quando foi detectado o fio da meada.