Funcionária da Itel Informática por 19 anos, onde recebia salário de R$ 8,7 mil em 2015, Rosimeire Aparecida de Lima conseguiu comprar as cotas do ex-chefe e elevar o patrimônio em 1.235% em apenas um ano. Graças ao “milagre” desvendado na Operação Computadores de Lama, 6ª fase da Lama Asfáltica, ela passou a ser a nova milionária campo-grandense e ostentar R$ 5,2 milhões.
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A Polícia Federal suspeita que Rosimeire seja “laranja” de João Roberto Baird, o Bil Gates Pantaneiro, na Mil Tec Tecnologia, que incorporou a Itel Informática. Ela comprou as cotas dele em 2015 e se tornou sócia de Ricardo Fernandes Araújo.
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No entanto, devassa da Receita Federal nas declarações do Imposto de Renda e nas contas bancárias não encontrou nenhum indício da riqueza da mulher. A mágica é semelhante a mesma que beneficiou outros personagens localizados pela PF ao longo de seis fases da Operação Lama Asfáltica.
A mais notória é Elza Cristina Araújo dos Santos, que era secretária e se tornou sócio do lendário do empresário João Amorim, dono da Proteco. Ela foi gravada pela PF oferecendo “cafezinho” aos políticos para cassar o mandato de Alcides Bernal (PP) e deu nome à Operação Coffee Break.
Rosimeire estreia com destaque na Operação Computadores de Lama. De acordo com o fisco, ela tinha patrimônio de R$ 148,9 mil em 2014, quando declarou rendimentos de R$ 97,8 mil na Itel. No ano seguinte, ela elevo o patrimônio para R$ 405,2 mil e declarou R$ 104,5 mil. Em 2015, ela se rescindiu o contrato com a empresa de informática para virar milionária.
Conforme despacho do juiz substituto Sócrates Leão Vieira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, em 2016, Rosimeire comprou as cotas de Baird e elevou o patrimônio em 1.235%, de R$ 405,2 mil para R$ 5,008 milhões. No ano passado, os bens já somaram R$ 5,2 milhões.
Rosimeire teve a proeza de elevar o patrimônio em 3.447% em três anos, de R$ 148 mil, em 2014, para R$ 5,250 milhões no ano passado. A empresária poderá ficar bilionária caso resolva ensinar aos demais mortais a fórmula mágica de ficar milionário em pouco tempo.
Oficialmente, ele pagou R$ 4,5 milhões pelas cotas do Bil Gates Pantaneiro, apelido até injusto, considerando-se que ele ficou rico em contratos com o poder público estadual. Esse valor é cinco vezes superior ao total dos rendimentos ganhos por Rosimeire entre 2003 e 2015. Em 12 anos, ela declarou rendimentos de R$ 851.750,68.
Desconfiados de que talvez ela tenha recebido a mais, mas declarado menos, o famoso jeitinho brasileiro de sonegar, os fiscais verificaram com lupa a movimentação financeira da ex-funcionária. Entre 2009 e 2015, Rosimeire movimentou R$ 910,9 mil nas contas bancárias – o valor pago foi cinco vezes maior.
“O valor pago a Baird é incompatível com os dados fiscais e de movimentação financeira de Rosimeire”, concluem os técnicos da Força-Tarefa da Operação Lama Asfáltica. O valor pago é 5,28 vezes superior a soma dos rendimentos declarados de 2003 a 2015, cinco vezes ao crédito em conta corrente e 11,1 vezes o patrimônio.
Para os investigadores, ela faz parte do acordo para blindar João Roberto Baird, que seria o proprietário de fato da Mil Tec Tecnologia, mas não formal para evitar contrições judiciais e ações como a da Lama Asfáltica.
Outro indício é o repasse dos lucros. Em 2016, no primeiro ano como empresário, Rosimeire recebeu R$ 750,4 mil dos dividendos e lucros da Mil Tec. A titulo de pagamento, ela pagou R$ 441 mil (58,71%) para Baird.
No ano passado, quando recebeu R$ 2,319 milhões, ela repassou R$ 1,911 milhão ao ex-chefe (82,38% do total dos dividendos).
Como herdeira da Itel, a Mil Tec manteve os contratos milionários com o Governo estadual, uma prática que não tem ideologia nem cor partidária.
Baird teve a prisão preventiva decretada na Operação Computadores de Lama e foi preso pela PF na manhã de ontem.
O outro suposto laranja, o trabalhador rura Romilton Rodrigues Oliveira, se apresentou na manhã de hoje. Ele tinha R$ 4 milhões em um banco espanhol e empresa no Paraguai, apesar de, oficialmente, ter sido apenas um trabalhador rural com salário de R$ 1,3 mil.
Desembargador do TRF3 nega habeas corpus e mantém Giroto na cadeia
O desembargador Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, negou habeas corpus, mais um, ao ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal Edson Giroto. Ele alegou excesso de prazo, já que está detido há quase sete meses.
O pedido já havia sido negado no início do mês pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande. O pedido de liberdade foi feito porque houve a conclusão da instrução e julgamento.
O processo está concluso para sentença e o ex-deputado, a mulher, Rachel Portela Giroto, e o cunhado, Flávio Henrique Scrocchio, podem ser condenados por ocultar R$ 7,6 milhões supostamente desviados dos cofres públicos na compra da Fazenda Encantando do Rio Verde.
O ex-deputado também recorreu ao STF, que decretou a prisão preventiva em 8 de maio deste ano. No pedido, o advogado Valeriano Fontoura ressalta o excesso de prazo, um dos motivos que levou o Supremo a soltar o empresário Celso Éder Gonzaga de Araújo, acusado de dar golpe em 60 mil pessoas.
O empresário ficou preso um ano e não foi julgado pelos supostos crimes. Giroto corre o risco de a sentença sair antes do ministro Alexandre de Moraes analisar o pedido de soltura.