O deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) foi confirmado como futuro ministro da Saúde pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Ex-secretário municipal de Saúde de Campo Grande e médico ortopedista, ele é o segundo nome de Mato Grosso do Sul a integrar o primeiro escalão, já que a deputada federal Tereza Cristina (DEM) será ministra da Agricultura.
Será a primeira vez que o Estado terá dois representantes na esplanada dos ministérios em Brasília. O último sul-mato-grossense a ocupar o cargo de ministro foi o ex-senador Ramez Tebet (MDB), que comandou o Ministério da Integração Nacional por três meses, entre 20 de junho e 15 de setembro de 2001.
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Prestes a completar 54 anos de idade no dia 30 deste mês, Mandetta é médico ortopedista formado pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro. Ele tem pós-graduação em Ortopedia Pediátrica pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e especialização na mesma área na Fellow da Emory University, em Atlanta (EUA).
Ele presidiu a Unimed Campo Grande de 2001 a 2004 e foi secretário municipal de Saúde da Capital de 2005 a 2010, na gestão do primo, Nelsinho Trad (PTB).
Filiado ao MDB de 2003 a 2009, ele se filiou ao DEM e se elegeu deputado federa pela primeira vez em 2010. Em 2014, Mandetta se reelegeu para um novo mandato. Neste ano, ele desistiu de concorrer ao terceiro mandato.
O deputado tornou-se amigo de Bolsonaro na Câmara dos Deputados e teria lhe dado orientação durante a campanha eleitoral deste ano.
Como secretário municipal de Saúde de Campo Grande, Mandetta se envolveu no maior escândalo da saúde pública. Ele é alvo de três ações por improbidade administrativa pela implantação do Gisa (Gestão de Informação em Saúde), com cada uma cobrando a devolução de R$ 16 milhões aos cofres municipais.
O sistema de informatização nunca funcionou e causou prejuízo de R$ 14 milhões à Prefeitura Municipal de Campo Grande, valor que o município foi obrigado a devolver ao Ministério da Saúde.
O Supremo Tribunal Federal quebrou o sigilo do parlamentar no inquérito que apura os crimes contra a administração pública e peculato. No entanto, depois do caso tramitar no STF por três anos e meio, entre 2 de fevereiro de 2015 e 23 de agosto deste ano, o ministro Luiz Fux determinou o encaminhamento para a 5ª Vara Federal de Campo Grande.
Na semana passada, o juiz Dalton Kita Conrado, da 5ª Vara, determinou que o inquérito contra o futuro ministro vai tramitar em segredo. Outras duas ações por improbidade administrativa, que pedem a devolução de R$ 32 milhões, tramitam em segredo há quase quatro anos na 4ª Vara Federal de Campo Grande, presidida pelo juiz Pedro Pereira dos Santos.
Ao jornal Folha de S.Paulo, Mandetta disse que contou a Bolsonaro sobre as denúncias do Gisa. No entanto, conforme o deputado, o presidente eleito minimizou o escândalo, porque ele só responde a uma ação por improbidade em seis anos como secretário municipal de Saúde.
O futuro ministro da Saúde também teria dito que estava com os bens bloqueados há cinco anos em decorrência das supostas irregularidades cometidas na implantação do Gisa. Ele repetiu o argumento de Nelsinho, de que o sistema não funcionou por questões políticas. A defesa é de que Alcides Berna (PP) não teve interesse em manter o programa de informatização das unidades de saúde do município.
A nomeação de Mandetta deve ser fundamental para ativar 100% do Hospital do Trauma. Ele foi o responsável por converter a obra da maternidade em hospital voltado para atender as vítimas de acidentes de trânsito.
A unidade foi inaugurada em março deste ano, mas só começou a funcionar parcialmente no final de setembro, poucos dias antes do primeiro turno das eleições. No entanto, o repasse de R$ 6 milhões pelo Governo federal ainda não está totalmente garantido.
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