A ex-primeira-dama de Campo Grande e do Estado, Elizabeth Puccinelli, ameaça fazer delação premiada se o marido, o ex-governador André Puccinelli (MDB), não for solto até o fim deste ano. De acordo com o jornalista Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo, o recado tem sido enviado a vários políticos de Brasília.
Acusado de chefiar organização criminosa, réu em duas ações penais e de causar prejuízo de mais de R$ 500 milhões aos cofres estaduais, o ex-governador está preso desde 20 de julho deste ano. A prisão preventiva foi decretada na Operação Lama Asfáltica pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande.
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Puccinelli está preso junto com o filho, o advogado André Puccinelli Júnior, no Centro de Triagem Anísio Lima. O terceiro preso no mesmo caso é o advogado João Paulo Calves, acusado de ser o testa de ferro no Instituto Ícone.
O habeas corpus do ex-governador já foi negado em três ocasiões pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça. O último pedido foi negado pela ministra Laurita Vaz, ex-presidente do STJ e nova relatora da Operação Lama Asfáltica na corte.
Preso há quase três meses e considero um mito da política regional, André não teve a mesma sorte do ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que teve o pedido de liberdade analisado pelo ministro Gilmar Mendes no Supremo Tribunal Federal.
O seu habeas corpus foi distribuído para o ministro Alexandre de Moraes, que era ministro da Justiça de Michel Temer, mas é muito ligado aos tucanos paulistas. Após a definição do relator, a defesa desistiu do habeas corpus.
Neste domingo, a ex-primeira-dama é citada pelo colunista Lauro Jardim. “Em resumo, se o marido não sair da cadeia até 31 de dezembro, ela fará delação premiada”, escreveu o jornalista. As ameaças contrariam o perfil de dona Beth, famosa pelo perfil discreto.
“Sempre que a mulher de Puccinelli tem essas conversas, a orelha de Carlos Marun arde”, diz Jardim. Aqui aparece outra contradição, já que Marun nunca abandonou o ex-governador e até o visitou na prisão em mais de uma ocasião.
O ministro da Secretaria de Governo até manifestou, em mais de uma ocasião, tristeza e desolação pela manutenção da prisão do ex-governador.
Por outro lado, a nota não pode ser desprezada. Algo parecido ocorreu com o ex-senador Delcídio do Amaral (PTC), quando permaneceu preso por determinação do STF. Na ocasião, jornais começaram a publicar notas de que a esposa, Maika Amaral, pressionou o marido para fazer delação. Delcídio acabou firmando acordo de colaboração premiada com o MPF.
A eventual delação premiada de dona Beth teria efeito de bomba atômica sobre a classe política que sobreviveu ao fenômeno Jair Bolsonaro (PSL) nas urnas. Ela e o marido foram os principais protagonistas da política regional por duas décadas e podem revelar muita coisa, ruim, sobre os bastidores e comprometer antigos aliados.
A principal pergunta é quem sobreviverá politicamente a delação, que sem exagero, poderia ser classificada de fim do mundo.
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