Com imensa dificuldade em fazer alianças no primeiro turno, o juiz federal Odilon de Oliveira (PDT) surpreendeu ao mostrar habilidade política e conquistar o apoio do MDB, o segundo maior partido no Estado. Por outro lado, o candidato deixou os eleitores, que o apoiaram por ser contra a corrupção, em “sinuca de bico”.
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O apoio do candidato a governador Júnior Mochi (MDB), que ficou em 3º lugar e conquistou 150.115 votos, foi anunciado na tarde de quarta-feira. Ele destacou que a decisão foi tomada pela maior parte do partido, que tem dois senadores, Simone Tebet e Waldemir Moka, 19 prefeitos e 140 vereadores.
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Com a decisão, Mochi põe fim aos boatos de que se lançou candidato em troca de ser indicado para o Tribunal de Contas do Estado pelo atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Em 2014, o MDB apoiou à eleição do tucano contra o então senador do PT, Delcídio do Amaral.
Ao conquistar o apoio de um grande partido, juiz Odilon mostrou habilidade política que não teve no primeiro turno.
No entanto, o pedetista cria “saia justa” com parte dos 408,9 mil eleitores, que o apoiaram como forma de protestar contra a corrupção. Na fase de pré-campanha, o magistrado fez duras críticas ao MDB.
Agora, no segundo turno, o juiz Odilon aceita o apoio do MDB, que é presidido por André Puccinelli, preso desde 20 de julho deste ano na Operação Lama Asfáltica. O ex-governador é acusado de chefiar organização criminosa e ter causado prejuízo superior a R$ 500 milhões aos cofres públicos.
Por outro lado, todos os partidos possuem investigados ou réus por corrupção em seus quadros. Com a eleição de apenas dois deputados estaduais, Odilon vai precisar de apoio para governar em caso de êxito das urnas.
Mesmo tendo entre os seus quadros, Paulo Siufi, que não conseguiu a reeleição, o MDB tem outras lideranças que não possuem ações por corrupção, como o próprio Mochi, o deputado Renato Câmara, e o ex-senador Ramez Tebet, já falecido e um dos últimos políticos regionais com destaque nacional.
Na entrevista coletiva para anunciar a aliança, Odilon destacou que André Puccinelli já cumpriu o seu papel no Estado, como prefeito da Capital e governador por dois mandatos.
O juiz não repetiu erro histórico de Ricardo Bacha, em 1998, quando chegou ao segundo turno em primeiro lugar, e recusou apoio do ex-governador Pedro Pedrossian, que tinha ficado em terceiro. Magoado na época, o político pediu votos para o segundo colocado e Zeca do PT se elegeu governador pela primeira vez.
Em 2016, na eleição para prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD) fez questão de ter o apoio do então prefeito Alcides Bernal (PP), que acusava sua família de todo tipo de impropério, e ganhou a eleição.
Com os votos conquistados por Mochi, Odilon não chegaria ao número necessário para ultrapassar Reinaldo, que conquistou 576 mil no primeiro turno.
Ao optar publicamente pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), o magistrado corre o risco de ficar sem os votos de Humberto Amaducci (PT), que obteve 132,1 mil votos e deverá reforçar a campanha de Fernando Haddad (PT) para presidente.
Outro ponto que chamou a atenção na atual campanha foi o surpreendente desempenho dos candidatos solitários, de partidos pequenos e sem ligações com acusados por corrupção. Neste prisma, o juiz pode estar cometendo um erro ao não ouvir com atenção a voz das ruas.
Odilon pode perder os eleitores do PT, caso façam a opção pelo voto nulo ou branco. Como Reinaldo já antecipou apoio a Bolsonaro, os eleitores do ex-capitão podem se dividir entre o tucano e o pedetista.
O candidato do PSOL, João Alfredo, com 8.095 votos, anunciou que não apoiará ninguém no segundo turno. Ele deverá focar em Ribas do Rio Pardo, onde conquistou 29% dos votos.