A Operação Nepsis, da Polícia Federal, cumpre 43 mandados de prisão contra policiais militares, civis e rodoviários federais envolvidos com a Máfia do Cigarro e integrantes da organização criminosa que faturou R$ 1,5 bilhão somente no ano passado. A maior ação contra o grupo, realizada neste sábado, ocorre quatro meses após a Operação Oiketicus, do Gaeco, que prendeu 28 policiais militares envolvidos com o contrabando de cigarro.
Além de Mato Grosso do Sul, 280 policiais federais cumprem 35 mandados de prisão preventiva e oito de temporária e 43 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Alagoas. A operação conta com apoio da Receita Federal do Brasil, da Polícia Rodoviária Federal, do Exército e da Força Aérea Brasileira.
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A PF diz que a organização criminosa formou consórcio de grandes contrabandistas com a criação de sofisticada rede escoamento de cigarros do Paraguai pela fronteira de Mato Grosso do Sul. Só no ano passado, o grupo teria faturado R$ 1,5 bilhão com o encaminhamento de 1,2 mil carretas de contrabando para as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste.
A rede criminosa estava estruturava em sistema logístico de características empresariais, com a participação de centenas de pessoas exercendo funções de “gerentes”, batedores, olheiros e motoristas e, ainda, a corrupção de policiais cooptados para participar do estratagema criminoso. Doze policiais foram afastados da função por determinação da Justiça.
A Nepsis ocorre quatro meses após a Operação Oiketicus, do Gaeco, que prendeu 28 policiais militares envolvidos com a Máfia do Cigarro em 16 de maio deste ano. Entre os presos estava o sargento Ricardo Campos Figueiredo, que atuava na segurança velada e exercia a função de motorista do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Na quinta-feira passada, a Auditoria Militar condenou o primeiro policial preso pelo Gaeco. O tenente coronel Admilson Cristaldo Barbosa foi condenado a três anos em regime aberto por obstrução da investigação de organização criminosa por não fornecer a senha do Telegram.
Ele, Figueiredo e outros policiais continuam presos e já foram denunciados por corrupção passiva e organização criminosa. O ex-segurança do governador também é réu por porte ilegal de arma e obstrução, por ter quebrado os dois telefones celulares.
Já na Justiça Federal as mega operações da PF contra a Máfia do Cigarro patinam em na infinidade de recursos. Um dos núcleos denunciados na Operação Bola de Fogo, realizada em 2006, foi absolvido porque os crimes prescreveram.
Há 12 anos, naquela operação, a PF prendeu 97 pessoas, bloqueou R$ 400 milhões em 300 contas bancárias e sequestrou 80 imóveis, 180 veículos e um avião. Os acusados de chefiar a organização ainda não foram condenados.
O nome da Operação Nepsis reporta a um termo grego que significa vigilância interior, estado mental de atenção plena, em uma alusão à vigilância necessária para combater as sofisticadas atividades contrabandistas e no que concerne à própria atividade de fiscalização estatal no combate à cooptação integrantes de Órgãos de repressão e fiscalização.
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