Somente um dos 14 mandados de prisão temporária não foi cumprido na Operação Vostok, que apura suposto pagamento de R$ 67,7 milhões em propinas ao grupo do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Apesar de percorrer até 2,2 mil quilômetros, a Polícia Federal não localizou o corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco, 44 anos, que foi ameaçado de morte por cogitar fazer delação premiada.
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Durante a investigação a partir da delação premiada da JBS, a PF identificou movimentações financeiras atípicas do corretor de gado com outros investigados no esquema criminoso, como a Buriti Comércio de Carnes, o ex-deputado estadual Osvane Aparecido Ramos, o ex-coordenador regional do Governo, Zelito Alves Ribeiro, e o empresário Antônio Celso Cortez, dono da PSG Informática.
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No despacho da prisão temporária do grupo, o ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, cita Polaco como um dos operadores da propina ao lado do filho do governador, Rodrigo Souza e Silva e dos empresários João Roberto Baird, o Bil Gates Pantaneiro, Antônio Celso Cortez e Ivanildo da Cunha Miranda.
De acordo com o ministro, a PF identificou saques em espécie, pagamento de boletos e até depósito entre os envolvidos e Polaco. Cortez teria depositado R$ 288 mil para o corretor de gado, que ganhou fama nacional ao ter a gravação recebendo R$ 30 mil de propina do empresário José Alberto Berger, do Curtume Braz Peli, no Fantástico, da TV Globo.
Na época, o presidente da Assocarnes (asssociação dos frigoríficos), João Alberto Dias, e o dono de um frigorífico, Benílson Tangerino, confirmaram a denúncia de só manter incentivos mediante pagamento de propina. Para manter a redução do imposto, eles deveriam pagar R$ 150 mil por mês.
Além dessa história, conforme o ministro, o corretor de gado é citado na Operação Lama Asfáltica. Ivanildo fez delação premiada e entregou várias anotações com o nome de Polaco.
Ele voltou a ser notícia em dezembro do ano passado, quando uma quadrilha foi presa após roubar um comerciante de Aquidauana. Presos, os assaltantes contaram que foram contratado pelo filho do governador para recuperar R$ 270 mil, que seriam pagos a Polaco a título de propina.
Agora, o líder do grupo e sócio de uma construtora, Luiz Carlos Vareiro revelou que o plano era matar Polaco, porque ele estava ameaçando fazer delação premiada. Em despacho, o ministro destaca que o corretor de gado passou a correr risco de vida ao deixar de ser fiel à organização criminosa.
A recuperação da propina e o plano para executar Polaco são investigados pelo promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, que ganhou fama de “xerife” por não ter medo de casos polêmicos. Ele acompanhou a PF na Operação Vostok, realizada nesta quarta-feira.
O problema é que Polaco não foi localizado em sua residência em Aquidauana. Na caçada ao corretor de gado, policiais federais se deslocaram até Trairão, no interior do Pará, a 2.247 quilômetros do município sul-mato-grossense. No entanto, Polaco também não estava no local. Ele é considerado foragido.
O último a se entregar foi o ex-presidente da Fundação de Turismo e ex-prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra. Ele se apresentou por volta do meio-dia de hoje na Polícia Federal.
O filho do governador, o deputado estadual Zé Teixeira e o conselheiro do Tribunal de Contas, Márcio Monteiro, foram encaminhados para o presídio militar.
Outros investigados estão no Centro de Triagem, onde estão outras autoridades investigadas por corrupção, como o ex-governador André Puccinelli (MDB), o ex-deputado federal Edson Giroto, e o empresário João Amorim.
Em entrevista à TV Morena, o governado Reinaldo Azambuja afirmou ter certeza da inocência do filho. Ele garantiu que está tomando todas as medidas legais para reverter a sua prisão temporária.
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