Ex-assessor da Secretaria Estadual de Governo, o 2º sargento da Polícia Militar, Ricardo Campos Figueiredo, 42 anos, planejava construir uma residência de R$ 1,5 milhão. Com salário de R$ 16,3 mil por mês, o então motorista e segurança velada do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) sonhava alto antes de ser preso, conforme denúncia feita no mês passado por cinco promotores de Justiça.
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Preso na Operação Oiketicus, deflagrada pelo Gaeco contra policiais militares envolvidos com a Máfia do Cigarro, Ricardo já é réu por obstrução de investigação de organização criminosa e porte ilegal de armas de fogo e munições de fuzil. Agora, ele foi denunciado por ser chefe de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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De acordo com a nova ação penal, o militar dava cobertura para o contrabando de cigarro e teria recebido R$ 500 mil em propinas da organização criminosa entre 2015 e 2018, segundo o MPE.
Os promotores acusam o segundo sargento de ostentar padrão de vida totalmente incompatível com a sua remuneração. Em maio deste ano, antes de ser preso, ele tinha salário bruto de R$ 16.389, sendo R$ 8,2 mil de policial militar e R$ 8.128 pelo cargo de confiança na Governadoria.
Com este salário, o ex-assessor comprou a Chácara Santa Helena, com 2,1 hectares, por R$ 159,9 mil e uma caminhonete cabine dupla Hilux CD SRV, R$ 120,1 mil. O imóvel foi registrado em nome do filho, enquanto o veículo de um amigo, o cabo da reserva Alli França Belchior.
O ex-motorista do governador sonhava grande. De acordo com o MPE, ele contratou um arquiteto para projetar a residência na chácara. A casa teria 676,71 metros quadrados. Os promotores estimaram que a construção custaria R$ 1,5 milhão, no mínimo.
Além da “mansão”, o policial planejava construir área de lazer, que incluiu piscina e até SPA. De acordo com a denúncia, os materiais foram adquiridos em dinheiro. O valor não foi estimado pelo MPE.
Para os promotores Tathiana Correia Pereira da Silva Façanha, Tiago Di Giulio Freire, Marcos Roberto Dietz, Thalys Franklyn de Souza e Fernando Martins Zaupa, ele cometeu outro crime, ao adquirir os bens em nomes de terceiros.
Com base nesta denúncia, o juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar, decretou a segunda prisão preventiva de Ricardo Campos Figueiredo. Ele já teve os pedidos de habeas corpus negados pelo juiz, pelo Tribunal de Justiça e pelo Superior Tribunal de Justiça.
Logo após a sua prisão em maio, o governador Reinaldo Azambuja determinou a exoneração do sargento do cargo de assessor na Secretaria de Governo. A PM anunciou a abertura de sindicância.
O processo mais adiantado é o da obstrução de investigação de organização criminosa. Contudo, a sentença depende do fim do impasse sobre a perícia nos celulares destruídos por Ricardo no dia da Operação Oiketicus.
O militar nega que tenha destruído os equipamentos e responsabiliza a esposa pelos danos causados nos celulares.
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