Preso desde 20 de julho deste ano, o presidente regional do MDB e ex-governador André Puccinelli, 70 anos, tornou-se réu pela segunda vez na Operação Lama Asfálitca. De acordo com a denúncia, a sétima desde o início da investigação, o emedebista recebeu R$ 22,5 milhões em propinas pagas pela JBS.
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A ação penal foi protocolada no dia 24 de julho pelo procurador da República, Davi Marcucci Pracucho, e aceita na segunda-feira pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande.
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Na ação, o Ministério Público Federal pede a condenação do ex-governador por recebimento de vantagens indevidas e ocultação de bens. Além da prisão, Puccinelli pode ser condenado a pagar R$ 153,4 milhões ao poder público a título de ressarcimento pelos prejuízos causados e indenização pelos danos materiais.
A nova denúncia é baseada nas delações premiadas dos executivos da JBS, como Valdir Aparecido Boni, Demilton Antônio de Castro e Florisvaldo Caetano de Oliveira, e donos da empresa,os irmãos Joesley e Wesley Mendonça Batista, e do empresário Ivanildo da Cunha Miranda, que chegou a ser operador financeiro do emedebista entre 2007 e 2013.
Além dos depoimentos, a Polícia Federal fez interceptações telefônicas e quebra dos sigilos bancário para reunir provas da suposta propina. Técnicos da Receita Federal e da Controladoria Geral da União analisaram as notas fiscais frias, que foram emitidas para justificar o pagamento de propinas.
A PF confrontou os dados informados pelos delatores e as notas apresentadas pelas empresas. Até a planilha apreendida na casa de André Cance, que passou a ser o operador financeiro do ex-governador após o rompimento com Ivanildo, apontou os mesmos valores revelados pela JBS.
André exigiu que a JBS pagasse 33,33% do valor de propina, mas Joesley queria manter o percentual de 20% acertado na gestão anterior, de Zeca do PT. Durante a reunião, o emedebista ameaçou suspender os incentivos fiscais da JBS e acabou chegando em um acordo de receber 30% do valor da isenção.
Parte da propina foi paga por meio da locação fictício de máquinas, que totalizaram R$ 9,5 milhões em notas emitidas pela Proteco, do empresário João Amorim, também preso, mas desde 8 de maio deste ano.
Outras empresas que teriam emitidos notas frias sem a comprovação do serviço foram: Instituto Ícone Ensino Jurídico (R$ 1,3 milhão), Gráfica Alvorada (R$ 2,862 milhões), Itel e Mil Tec Informática (R$ 3,050 milhões), PSG Informática (R$ 3,760 milhões) e Congeo Construção (R$ 2,118 milhões).
É a primeira denúncia contra o ex-governador em decorrência da colaboração premiada da JBS, homologada em maio do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal.
Os réus na 7ª ação da Operação Lama Asfáltica
O MPF denunciou 12 pessoas por recebimento de propinas e ocultação de bens na sétima ação penal protocolada desde o início da Operação Lama Asfáltica, em julho de 2015. As outras seis também já foram recebidas pela Justiça.
O procurador pede a condenação do grupo a devolver R$ 364,1 milhões aos cofres públicos.
Confira os réus nesta ação:
- André Puccinelli, 70, médico e presidente regional do MDB
- André Luiz Cance, 56 anos, ex-secretário adjunto de Fazenda
- João Alberto Krampe Amorim dos Santos, 65, dono da Proteco
- Elza Cristina Araújo dos Santos, 40, sócia da Proteco
- André Puccinelli Júnior, 41, advogado
- João Paulo Calves, 30, advogado e atual dono do Ícone
- Jodascil Gonçalves Lopes, 40, advogado e ex-sócio do Ícone
- Micherd Jafar Júnior, 50, dono da Gráfica Alvorada
- João Roberto Baird, o Bil Gates Pantaneiro, 56
- Antônio Celso Cortez, 56, dono da PSG Tecnologia Aplicada
- João Maurício Cance, 56, dono da Congeo Construção
- Ivanildo da Cunha Miranda, 60, delator e dono de distribuidora de bebidas
A nova ação penal agrava a situação de André, do filho, o advogado e professor da UFMS, André Puccinelli Júnior, e do dono Instituto Ícone, João Paulo Calves, presos há 14 dias.
O ex-governador teve o pedido de habeas corpus negado pelo desembargador Maurício Kato, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, e pelo ministro Humberto Martins, vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça.
O pedido de liberdade não foi analisado no Supremo Tribunal Federal, porque houve confusão na designação do relator. Inicialmente, o caso foi parar nas mãos do ministro Dias Toffoli, mas a secretaria da corte reviu e pediu para o processo ser encaminhado para Alexandre de Moraes. A defesa faz lobby para que seja encaminhado ao ministro Marco Aurélio.
Em meio a polêmica prisão, André desistiu de concorrer ao cargo de governador pela terceira vez e anunciou apoio ao nome da senadora Simone Tebet (MDB). A parlamentar quase desistiu, mas acabou sendo convencida a manter a candidatura. A convenção do MDB será neste sábado.
A nova ação foi revelada de manhã pelo advogado Renê Siufi, responsável pela defesa de André. Ele disse que iria se inteirar do caso para se manifestar.
O Jacaré conseguiu falar com o advogado André Borges, responsável pela defesa de João Paulo Calves. Ele informou que não teve acesso à ação penal, mas apostava na inocência do sócio do Instituto Ícone.
“Meu cliente aguarda ser posto em liberdade, para poder ajudar na própria defesa, já que é advogado e professor de direito penal; pelo que já sei da denúncia, os fatos importantes são basicamente os mesmos da ordem de prisão; ele irá se defender, com vigor, contando com minha atuação técnica,para provar ser inocente”, destacou.
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