As ministras das Mulheres, Cida Gonçalves, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, criticaram as empresas e confederações que foram ao Supremo Tribunal Federal contra a regulamentação da lei que prevê igualdade salarial entre homens e mulheres nos mesmos cargos e funções.
A iniciativa do governo brasileiro, que repete ação já tomada em 35 países, é questionada na Justiça pelas empresas, e as confederações do comércio e da indústria recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que a lei é inconstitucional, de acordo com o jornal O Globo. O grupo DPSP, dono das bandeiras Drogarias Pacheco e São Paulo já conseguiu liminar na semana passada para não cumprir a lei.
Leia mais:
Quem pode ser babá, mãe, empresária e vendedora também pode, se quiser, ser dentista
Soldado de saia: as recordações da primeira mulher policial militar de Mato Grosso do Sul
Mulheres com cheiro de aroeira em flor
A ministra Cida Gonçalves classificou a ofensiva como “retrocesso”. “Eu ainda estou impactada com o fato de as empresas terem entrado no STF. Isso significa um atraso. Significa um desrespeito à luta das mulheres em muitos anos. É uma prova de que só lutando muito para não demorarmos 131 anos para termos igualdade”, lamentou a sul-mato-grossense em entrevista ao jornal carioca.
As empresas alegaram que não querem esconder ilícitos, mas são contra divulgar a estratégia de captação e manutenção de bons profissionais. “Não é dizer para o governo, é dizer para a população o quanto a empresa está pagando. Entrar (no STF) contra o relatório é não querer igualdade salarial. Temos que convencer as empresas que salários iguais fazem bem para o país, para a empresa, para a democracia e para as mulheres”, afirmou Cida.
Na mesma linha, Simone reconheceu que o Governo Lula está mexendo em um vespeiro ao insistir na igualdade salarial. “É um sinal de discriminação. Só a dor no bolso, só a multa para poder mostrar que tem que se cumprir a Constituição e garantir à mulher o que é direito dela. Buscar a Justiça é não querer pagar. Se for um problema de um ato normativo, que não precisa nem do Congresso Nacional, sentamos, conversamos e podemos aperfeiçoar. Ninguém está falando que estamos (o governo) 100% certos”, afirmou Simone ao O Globo.
“A reação das empresas mostra que colocar a equiparação na lei é necessário? Estamos mexendo em um vespeiro. O grande motor dessa desigualdade (entre homens e mulheres) está na diferença salarial, porque o próprio Censo mostra que, quando se refere à escolaridade, inclusive no ensino universitário, nós somos maioria. O problema não está mais na sala de aula, está no mercado de trabalho”, concluiu a ministra do Planejamento.