O preço do litro do leite disparou nos supermercados e já acumula aumento de 35,93% nos últimos 12 meses. Com a caixinha custando até mais de R$ 7, o produto, essencial na alimentação principalmente de crianças e idosos, transformou-se no novo drama do brasileiro. Como a entressafra ainda está começando, com o início da estiagem, o produto deve subir ainda mais nos próximos dias.
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Em Campo Grande, o preço médio do litro foi de R$ 6,28 no mês passado, conforme levantamento do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), o maior da série iniciada em 2013. Em relação a maio deste ano, houve aumento de 20,34%, quando o produto custava R$ 5,56.
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A caixa do leite integral custava R$ 4,62 em junho do ano passado – aumento de 35,93% nos últimos 12 meses. O produto chegou a ficar mais barato em junho de 2019, primeiro ano do Governo de Jair Bolsonaro (PL), quando foi comercializado a R$ 3,45, contra R$ 4,19 do ano anterior.
Só que houve uma escalada com o produto ficando mais caro a cada ano. Em junho de 2020, o campo-grandense já pagou R$ 4,31 pelo litro. No ano passado, o valor subiu para R$ 4,62. Neste ano, supermercados e padarias comercializam com o valor médio de R$ 6,28, mas o produto já pode ser encontrado até a R$ 7,49 nas gondolas.
O litro ficou abaixo de R$ 3 pela última vez na gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), quando era vendido a R$ 2,70. O aumento é normal nos meses de entressafra, mas o salto muito grande surpreendeu o consumidor na hora da compra.
Em entrevista ao jornal Midiamax, a técnica de enfermagem Pâmela Pereira, contou que cortou o leite no café da manhã. Agora, ela toma café puro. “Infelizmente, para quem tem um orçamento apertado, não tem muito o que discutir. Ou muda os hábitos alimentícios ou passa uns dias sem comer, porque os preços estão subindo”, explicou, contabilizando o preço de outros alimentos.
A autônoma Denise Moretti vem se desdobrando no supermercado para garantir uma boa alimentação aos três filhos. “Vou ao mercado duas vezes ao mês para as compras maiores, mas diminuí muito a compra do leite, mas tem outra coisa acontecendo: tem muito produto, como achocolatados, por exemplo, que a quantidade diminuiu e o preço foi mantido. Isso é um golpe muito baixo”, contou ao Midiamax.
Confira a evolução do preço do leite em junho:
- 2013 – R$ 2,43
- 2014 – R$ 2,62
- 2015 – R$ 2,70
- 2016 – R$ 3,78
- 2017 – R$ 3,45
- 2018 – R$ 4,03
- 2019 – R$ 3,45
- 2020 – R$ 4,31
- 2021 – R$ 4,62
- 2022 – R$ 6,28
Fonte: DIEESE/MS
Uma estratégia para minimizar o impacto da alta no preço do leite é ficar de olho nas promoções. “Estou buscando mais e mais promoções de todos os produtos para um suprir o valor do outro”, explicou. Outra diarista contou que reduziu a quantidade de leite por causa do valor do produto.
De acordo com a economista Andréia Ferreira, do DIEESE, a disparidade no custo do leite é reflexo da queda na produção. Os produtores teriam abatidos as vacas com baixa produção. A ração também está muito cara devido ao mercado internacional, que sente o reflexo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios de Mato Grosso do Sul (Silems), Paulo Fernando Pereira Barbosa, apontou uma série de fatores, como queda na produção de leite, alta nos combustíveis e na energia, ração, entre outros. “É um patamar de preço que não imaginávamos. Nem nós da indústria estávamos esperando. Nos preocupa, porque sabemos que o poder de compra do cidadão muitas vezes pode desestimular o consumo a esse preço”, explicou. A produção caiu 40% entre 2011 e 2021, de 253,5 milhões de litros para 151,8 milhões.
Nos últimos anos, o brasileiro já se deparou com a disparidade de outros produtos com a carne bovina, arroz, feijão, óleo, tomate, cenoura e combustíveis. Apesar da queda no valor da gasolina e do etano, o diesel ainda está com o valor recorde.