A disparada no preço da gasolina é o principal motivo para o prefeito de São Gabriel do Oeste, Jeferson Luiz Tomazoni (PSDB), reajustar o próprio salário em 14,58% neste ano. Com patrimônio de R$ 1,1 milhão, conforme a declaração feita à Justiça Eleitoral em 2020, o tucano quer passar a receber R$ 25.364,28 para recuperar o poder de compra, corroído pela inflação e pela alta absurda de 46,92% valor do combustível.
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Por outro lado, ele não vê recurso disponível na prefeitura para seguir o exemplo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que corrigiu o piso nacional do magistério em 33,24%. Conforme o presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação), Jaime Teixeira, os docentes do município só terão a correção de 14,58%, mas a entidade exige a reposição definida pelo Ministério da Educação.
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Tomazoni enviou mensagem à Câmara Municipal em que pede o reajuste de 14,58% no seu salário, do vice-prefeito e dos secretários municipais. “Salienta-se que a atual situação econômica do país fez com que a maioria dos brasileiros reduzissem gastos devido à perda do poder aquisitivo, uma vez que a inflação está alta e corrói o poder de compra”, justificou.
Em seguida, ele cita o aumento no preço do litro da gasolina, que passou de R$ 4,56, em 2018, para R$ 6,69 em fevereiro deste ano. Tomazoni se locomove na cidade com uma S-10. Ele reclama que o seu salário de R$ 22.136,75 não teve reajuste em 2020, quando houve a polêmica causada de elevar os subsídios em plena crise econômica causada pela pandemia da covid-19.
Conforme Tomazoni, o reajuste não vai causar desequilíbrio econômico nas contas do município, conforme estudo feito pela Secretaria Municipal de Finanças. Ele alegou ainda que o valor está defasado desde 2018.
O prefeito de São Gabriel já ganha um salário acima do valor pago ao prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD). Enquanto a Capital paga R$ 21.261,84. A diferença entre os dois: o tucano comanda uma cidade com 27,6 mil pessoas, enquanto a Capital tem mais de 900 mil moradores.
O vereador Rogério Rohr (PSD) criticou o aumento no salário do prefeito. Ele ironizou o fato do chefe do Executivo não conseguir custear as despesas com gasolina mesmo ganhando mais de R$ 22 mil por mês. O parlamentar citou o trabalhador comum, que consegue sobreviver e ainda custear as despesas com transporte mesmo ganhando apenas um salário mínimo por mês.
Não é a primeira vez que Tomazoni tenta reajustar o próprio salário. Em março de 2020, ele conseguiu aprovar na Câmara, pelo placar de 7 a 3, o reajuste de 6,84%, elevando o valor para R$ 23,6 mil. No entanto, houve uma gritaria geral contra e era ano de reeleição, ele acabou recuando da proposta.
Rohr aproveitou para defender o reajuste de 33,24% aos professores. Ele disse que a categoria merece apoio, principalmente, por ser a base da sociedade e responsável pela formação de médicos, advogados, juízes, prefeitos, etc.
O tucano não é o único a ignorar a crise e elevar o próprio salário. O prefeito de Amambai, Edinaldo Luiz de Melo Bandeira, o Dr. Bandeira, também do PSDB, foi pioneiro na estratégia. Em 2020, ele tentou reajustar o próprio salário, mas a proposta repercutiu mal e ele recuou. No final do ano passado, o tucano conseguiu aprovar reajuste de 54,58% e passou a ganhar R$ 26,5 mil neste ano.
Outo insensível com a situação do País é o prefeito de Dourados, Alan Guedes (Progressistas), que elevou o próprio salário em 58,64%, de R$ 13.804,56 para R$ 21,9 mil. Ações na Justiça tentaram anular os reajustes, mas não houve liminar, até o momento, para suspender os supersalários.