Os vereadores de Campo Grande vão fechar os ouvidos à população e devem promulgar, na segunda-feira, o reajuste de 26,3% nos próprios salários. Com a medida, o subsídio do parlamentar passa de R$ 15.031 para R$ 18.891 a partir de 2021. A festa só não vai ser completa porque a Câmara dos Deputados, menos debochada, não aprovou o aumento de 16,38% nos salários dos deputados.
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Caso o Congresso Nacional seguisse o exemplo do Supremo Tribunal Federal, que elevou os salários dos ministros de R$ 33.763 para R$ 39.229,23, os vereadores da Capital teriam os vencimentos corrigidos em 47% e passariam a receber R$ 22.102,44. Por enquanto, a farra não está completa.
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Os parlamentares só ouvem o povo quando o sacrifício é imposto aos outros. A taxa do lixo, que causou grande desgaste político, é o mais notório dos exemplos. A conta da Solurb, envolvida em nebulosa e suspeitíssima licitação, foi repassada ao contribuinte sem dó nem piedade.
No final do recesso, após serem cobrados pelos eleitores, os vereadores desistiram do reajuste de até 159% nos salários do prefeito Marquinhos Trad (PSD), da vice-prefeita Adriane Lopes (Patri) e secretários municipais.
O chefe do Executivo não se vingou da austeridade e do republicanismo do legislativo. Marquinhos não vetou o reajuste e devolveu o projeto para ser promulgado pelo presidente da Câmara, vereador João Rocha (PSDB). Ele se limitou a atestar que não há problema financeiro para o reajuste.
O tucano alega que os parlamentares estão sem reajuste desde 2010 e merecem o aumento de 26,3% nos salários.
O problema é que os servidores municipais não conquistaram ganho real nos últimos seis anos. Na ponta do lápis, os funcionários municipais tiveram perdas no mesmo período.
Enquanto os vereadores festejam o aumento nos vencimentos, os funcionários da Santa Casa não receberam o 13º salário porque houve atraso no repasse por parte da prefeitura e do Governo do Estado. O mais grave, eles vão ter o abono natalino parcelado em três vezes.
Se sobra dinheiro na Câmara, falta na saúde. O Hospital do Trauma, construído com recursos públicos, funciona precariamente por falta de dinheiro.
A população sofre com a falta de médicos e remédios nos postos de saúde, com os buracos nas ruas, obras paradas, falta de vagas em creches, entre outros problemas de competência do município.
Os vereadores devem seguir a mesma política do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que acaba de elevar os salários do primeiro escalão e o próprio, mas inicia o segundo mandato cobrando redução nos gastos com pessoal.
Eles não estão sendo apenas contraditório, mas ignorando o povo. Enquanto curtem as benesses do mandato, impõem sacrifícios ao restante da população.
Só que ao contrário de Reinaldo, reeleito em outubro passado para mais quatro anos, os vereadores vão enfrentar as urnas daqui pouco mais de um ano. O dinheiro e a estrutura pode assegurar a reeleição de alguns, mas o desgaste político poderá custar o mandato de outros.
Anote eleitor.
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