O presidente Jair Bolsonaro (PSL) não gostou da nomeação do ex-ministro Carlos Marun para o cargo de conselheiro de administração da Itaipu Binacional. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, ele quer revogar a nomeação do antecessor, Michel Temer (MDB), e acabar com a “boquinha” do polêmico sul-mato-grossense, que ganhará R$ 27.098 por mês para participar de uma reunião bimestral até maio de 2020.
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Marun pode perder o cargo e ficar de mãos abanando. Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados publicou a sua renúncia ao cargo de deputado federal, que lhe garantiria pelo menos um mês de salário de R$ 33.760.
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O assento no Conselho de Administração da Itaipu foi presente de Temer pela fidelidade de Marun. O ex-deputado comprou briga e ganhou fama nacional ao defender o emedebista, o mais impopular presidente da história republicana brasileira.
A notoriedade do ex-deputado começou na época do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e foi amplificada por ser o único a defender o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB). Mesmo após ele ser cassado, preso e condenado, Marun o visitou na cadeia e ainda usando a verba da Câmara.
Marun foi um dos principais articuladores da estratégia vitoriosa que livrou Michel Temer de ser julgado por duas denúncias feitas pela Procuradoria-Geral da República. Ele atuou como cão de guarda do presidente e o defendeu das acusações de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.
De acordo com o jornal paulista, Bolsonaro pretende rever o decreto de Temer para sinalizar a mudança na política brasileira. Ele quer nomear técnicos para as estatais e acabar com a famosa boquinha dos políticos.
O curioso da história é que Marun defendeu e votou em Bolsonaro no segundo turno. Em entrevista, ele disse que o capitão reformado tinha propostas semelhantes as do Governo Temer.
O ex-ministro tem aliados entre os integrantes do primeiro escalão de Bolsonaro. Ele sempre foi aliado dos ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da Agricultura, Tereza Cristina.
A eventual anulação do decreto, mesmo sendo de prerrogativa do presidente, poderá ser questionada na Justiça, já que o mandato terminaria em 16 de maio de 2020. Ácido crítico do Supremo Tribunal Federal, Marun pode ter o troco dos ministros da mais alta corte do País.