Em queda na pesquisa e alvo da Operação Vostok, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) faltou ao segundo debate. Realizado pela rádio Grande FM, em Dourados, o evento foi marcado por críticas ao tucano, acusado de receber R$ 67,7 milhões em propinas da JBS, e ao candidato Júnior Mochi (MDB), fustigado por esconder a ligação com o ex-governador André Puccinelli, preso na Operação Lama Asfáltica.
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Candidato à reeleição, Reinaldo faltou ao debate realizado pela Fetems, na quarta-feira passada, porque prestou depoimento no mesmo horário na Polícia Federal. Na noite de hoje, apesar da assessoria ter confirmado a sua presença até às 17h26, o governador não compareceu e enviou nota informando ter sido obrigado a fazer viagem de última hora a Brasília. O motivo não foi informado, segundo o mediador, Amarildo Ricci.
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O candidato a governador juiz Odilon de Oliveira (PDT) foi o primeiro a lembrar da Operação Vostok na pergunta para Marcelo Bluma (PV). “Reinaldo é um fujão”, lamentou o verde. Ele afirmou que o contribuinte destina 40% do salário com impostos, que são mal gastos pelo atual governador. “Precisamos mudar isso, definitivamente”, enfatizou.
Odilon calculou que os R$ 70 milhões pagos em propina ao tucano seriam suficientes para construir mais de mil casas populares, amenizando o déficit habitacional de 86 mil unidades.
Em outra pergunta, o pedetista lembrou a Fazenda Santa Mônica, do pecuarista Élvio Rodrigues, preso na Operação Vostok. Ele lamentou o desmatamento de 20,5 mil hectares. “Jamais autorizaria isso no coração do Pantanal, nosso patrimônio natural”, disse.
Bluma explicou que a mudança na regra do desmatamento não se limita a fazenda citada pela PF como ter sido adquirida por meio de propina da JBS. De acordo com o candidato, Reinaldo passou a liberar desmatamento em áreas com mais de 1,5 mil hectares, que era restrito.
Presidente da Assembleia, Junior Mochi trocou farpas com Humberto Amaducci (PT) sobre os investimentos feitos em saúde. O emedebista criticou Reinaldo pela Caravana da Saúde, principal vitrine do tucano. “A caravana passa e os problemas ficam”, lamentou. Mochi disse que doentes esperam até mais de um ano para fazer exames. Ele lembrou que 60% dos casos de câncer têm cura se forem detectado precocemente.
João Alfredo (PSOL) lembrou que o prejuízo causado pelo esquema criminoso da JBS causou prejuízo de R$ 209 milhões ao Estado. “É o orçamento anual da UEMS”, calculou o socialista.
Em ascensão na pesquisa do Instituto Ranking, onde oscilou de 5,25% para 16%, o candidato do MDB passou a ser um dos principais alvos do debate. “O Mochi esconde o partido”, provocou Alfredo.
“Esconde que é parceiro do (Carlos) Marun”, lembrou, sobre o polêmico ministro chefe da Secretaria de Governo do presidente Michel Temer (MDB). “É muito feio esconder os companheiros no armário, acaba a eleição e sai todo mundo para governar junto”, disse, retomando a ironia que vem lhe marcando a participação nos debates.
João Alfredo lembrou que Mochi apoio a eleição de Reinado em 2014 e deu a sustentação ao seu governo nos últimos quatro anos. “Pediu a benção do André, que está preso”, destacou, sobre o ex-governador, preso na Operação Lama Asfáltica e acusado de causar prejuízos de R$ 300 milhões aos cofres estaduais.
Em outra pergunta, o candidato do PSOL lembrou a condenação de Mochi ao pagamento de R$ 2,5 milhões por negligência no caso do aterro sanitário de Coxim, que se transformou em ruínas. A decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região foi publicada no dia 13 de agosto deste ano.
Mochi frisou que não houve improbidade e foi absolvido na esfera criminal e pelo Tribunal de Contas da União. Ele culpou a demora na concessão da licença ambiental e ressaltou que está recorrendo da multa.
Bluma e João Alfredo ainda responsabilizaram Mochi pela aprovação da emenda constitucional que congelou os gastos públicos por 10 anos, pela aprovação da reforma da previdência, que penalizou o servidor, e por ter votado a proposta com a Tropa de Choque no plenário.
“A Assembleia não fez o papel dela de fiscalizar o Executivo”, criticou João Alfredo, que lembrou o pedido de impeachment do governador, que acabou arquivado pela Assembleia. “Agora, o STJ diz que passaram R$ 40 milhões pelas contas do Reinaldo”, lembrou.
Mochi destacou que sempre foi filiado ao MDB e nunca escondeu o seu grupo político. Ele destacou que todos os partidos possuem pessoas boas e ruins. No entanto, em nenhum momento, o candidato citou nominalmente André Puccinelli.
Em todos os momentos que propagou a gestão do ex-governador, sempre se referiu ao mandato do MDB.
Sobre as críticas de ter dado apoio a algumas medidas impopulares da gestão de Reinaldo, Mochi disse que não era o chefe do Executivo, mas do legislativo.
Coube ao candidato petista colocar Odilon na parede ao lembrar o caso do ex-chefe de gabinete, Jedeão de Oliveira, acusado de se apropriar de dinheiro da 3ª Vara Federal, da qual o magistrado era titular. “O senhor faz muito discurso de combate à corrupção, mas não controlou o seu próprio gabinete”, alfinetou Amaducci.
“Jedeão foi expulso da Justiça por mim”, começou o magistrado, citando que pediu a abertura de inquérito pela Polícia Federal, de correição ao TRF3 e de varredura nos processos dos últimos 15 anos. Ele lembrou que o ex-funcionário só decidiu fazer delação premiada agora, dois anos após ser denunciado. Para o pedetista, a delação é vingança e armação política.
Na replica, o candidato do PT manteve o tom crítico, ao considerar que houve demora para descobrir os roubos, já que Jedeão foi chefe de gabinete por 20 anos.
“Enganou o Ministério Público Federal e 13 desembargadores que fizeram correições, ninguém desconfiou”, justificou-se Odilon, que destacou ter pedido para a PF abrir inquérito para apurar as denúncias feitas por Jedeão, apesar de terem sido considerados sem credibilidade pelo MPF e pela OAB.
O próximo debate deve ocorrer na próxima segunda-feira e será realizado pelo Midiamax.