Um empresário conseguiu a liberação da casa, adquirida por R$ 1,3 milhão há seis anos, da lista de 70 imóveis bloqueados na Operação Fazendas de Lama, a segunda fase da Lama Asfáltica. Ele comprou o imóvel do dono da gráfica Alvorada, Micherd Jafar Júnior, que chegou a ser preso em maio deste ano acusado de integrar a organização criminosa.
Em 29 de abril do ano passado, a juíza substituta da 3ª Vara Federal de Combate à Lavagem de Dinheiro de Campo Grande, Monique Marchioli Leite, determinou a indisponibilidade dos bens de 24 suspeitos de desviar R$ 43 milhões dos cofres públicos. Entre os atingidos, estão o ex-deputado federal Edson Giroto, o empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco, suas filhas, entre outros.
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Em 13 de julho do ano passado, a pedido do Ministério Público Federal, a Justiça estendeu o bloqueio aos bens do ex-governador André Puccinelli (PMDB) e a Micherd Jafar Júnior. Em maio deste ano, o MPF pediu a ampliação do valor bloqueado, de R$ 43 milhões para R$ 67,343 milhões.
A ampliação do bloqueio atingiu a residência do empresário Zélio Almeida Silva, dono de uma gráfica na Capital. Na semana passada, o juiz substituto Ney Gustavo Andrade acatou o pedido e liberou o imóvel.
Zélio informou que comprou a casa de Micherd em 15 de março de 2011 por R$ 1,3 milhão, que foi pago com transferência bancária de R$ 810 mil à vista e o restante na transferência da escritura.
Ele só conseguiu fazer a transferência em 1º de agosto de 2013 porque houve demora na prefeitura para regularizar o “remembramento” da área, já que a casa foi construída em dois terrenos.
Para comprovar que adquiriu a mansão antes do bloqueio dos bens, ele apresentou notas fiscais da reforma realizada após a compra em 2011 e comprovantes de pagamento de IPVU, monitoramento eletrônico e TV a Cabo.
Outro que tenta liberar o imóvel é Edson Giroto. Ele vendeu a mansão no Residencial Damha, que foi alvo da Operação Lama Asfáltica, e custou R$ 4,8 milhões. No entanto, o ex-deputado vendeu o imóvel após o bloqueio para um médico dono de hospital e busca aval da Justiça para sacramentar o negócio.
Apesar de não haver condenação, dois anos após o início oficial da operação, que já apresentou indícios de desvios de R$ 230 milhões, a Justiça vem causando transtornos aos 26 investigados.
Em maio deste ano, o ex-governador André Puccinelli se viu obrigado a usar tornozeleira por uma semana porque não tinha R$ 1 milhão para pagar a fiança determinada pela juíza Monique Marchioli Leite.
O peemedebista chegou a ser proibido de entrar em contato com o administrador dos seus bens, o ex-presidente do Hospital Regional e ex-secretário estadual de Governo, Rodrigo de Paula Aquino, e de usar o dinheiro bloqueado para pagar a fiança. No entanto, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região acatou recurso, autorizou o uso de dinheiro bloqueado e liberou o ex-governador do monitoramento eletrônico.
O ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PTB), está com os bens bloqueados em três ações de improbidade administrativa por suposto desvio na operação tapa-buracos. O bloqueio atingiu o apartamento de sua filha, a empresária Maria Cecília Amorim Trad, que ela planeja vender para comprar uma casa no Damha.
No entanto, a Justiça estadual ainda mantém o imóvel bloqueado. Nelsinho usa outro bloqueio como exemplo, o determinado pela Justiça Federal, que acabou liberando o apartamento de Maria Cecília.
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