Cinco dos sete candidatos à prefeitura de Campo Grande, que se enfrentam nas urnas no próximo domingo (6), incluíram em seus planos de governo uma série de projetos capazes de amparar, com folga, o meio ambiente da cidade que beira à casa de 1 milhão de habitantes.
Eles prometem criar corredor verde, plantar 1 milhão de árvores na parte urbana, limpar e revitalizar córregos, implantar bacias de contenção de águas, reflorescer áreas degradadas, incentivar a reciclagem e atacar as queimadas em lotes baldios, crime que de janeiro a setembro deste mês, somou perto de mil ocorrências.
O Jacaré provocou os sete concorrentes, mas até a publicação deste material, apenas dois – Beto Figueiró, do Novo e Ubirajara, do DC – ainda não tinham se manifestado acerca dos planos deles para o meio ambiente. Daqui em diante, note as propostas.
Propostas:
Sai da Lona, zerar fila da moradia e 40 mil casas: propostas para acabar com favelas pela 2ª vez
Merenda melhor para elevar QI e tecnologia de ponta, as propostas para a educação de CG
Candidatos propõem ‘banir’ Consórcio Guaicurus, estatização e até “tarifa zero”
A solução para o caos vai de mutirões, eficiência, fábrica de remédios a centros de diagnósticos
Candidatos prometem “reinventar” e até brigar por “redução” de aluguéis no Centro da Capital
Adriane Lopes: Energia renováveis
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, do PP, candidata à reeleição, logo no início de seu programa sustenta que:
“Entre as propostas descritas no meu plano de governo há a pretensão de incorporar práticas que minimizem o impacto ambiental, como preservação de áreas verdes, uso de energias renováveis, gestão eficiente de resíduos e conservação de recursos hídricos. Também será estimulado o uso misto de terrenos, onde áreas residenciais, comerciais e de serviços coexistam para diminuir os tempos de deslocamentos e incentivar a vivência local, dinamizando a economia do bairro”.
Adriane afirma, ainda, que “em meio a uma realidade global de aumento das temperaturas, se compromete a implementar medidas concretas e intensificar as já existentes para minimizar seus impactos na cidade. Entre as propostas estão a criação dos corredores verdes, a redução na emissão de gases de efeito estufa, preservação dos mananciais e nascentes, além das árvores centenárias”.
Disse também: ““As mudanças climáticas são uma realidade. E hoje nós estamos enfrentando os reflexos disso. Por isso é necessário agir de maneira efetiva para mitigar estes impactos. É um problema que vem sendo negligenciado há décadas na nossa cidade e que nós precisamos encarar com soluções reais a pequeno, médio e longo prazo”.
Adriane Lopes narra ainda que outro foco da administração dela tem sido o combate às queimadas urbanas, uma prática que não só acelera o processo de aquecimento global, como também impacta diretamente a saúde da população. As campanhas de conscientização e fiscalizações serão intensificadas para “reduzir esses incêndios, que além de prejudiciais ao meio ambiente, pioram a qualidade do ar e afetam a saúde dos campo-grandenses”.
A prefeita conta ainda que, em caso de vitória, tem como meta zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. Para atingir esse objetivo, segue ela, a prefeitura já desenvolveu o “Inventário de Carbono, uma ferramenta fundamental para mapear as fontes de emissão, e o Plano de Descarbonização, que busca promover iniciativas de mitigação e adaptação”.
Beto Pereira: recuperação dos córregos
Candidato do PSDB, o deputado federal Beto Pereira anunciou que valorizar o meio ambiente é um dos pontos mais caros de sua visão de futuro para Campo Grande.
Considera o candidato que “o crescimento econômico, vital para a capital do Mato Grosso do Sul, pode gerar emprego e renda aliado a sustentabilidade”.
Em sua gestão, afirmou, que as Áreas de Proteção Ambientais (APA) que estão sob gestão da prefeitura terão fiscalização intensificada, com aplicação rigorosa de multas para quem desrespeitar as regras.
Outra preocupação de Beto, disse ele, é a manutenção e recuperação dos córregos da capital. “A cidade possui córregos que deveriam ser símbolos de vida, mas muitos, como o Córrego Prosa [que cruza parte da área central da cidade], estão degradados e cheios de lixo, prejudicando a saúde pública e o meio ambiente”.
O candidato tucano pretende limpar e revitalizar esses córregos, “devolvendo à população áreas livres de poluição e com manutenção regular”.
Também quer “olhar com atenção a proteção das nascentes e córregos para evitar sua destruição com o crescimento urbano”.
O tucano afirma ainda que a arborização também será essencial para expandir as áreas verdes, “trazendo mais sombra e conforto térmico para as ruas e avenidas da cidade”.
Rose Modesto: incentivo à reciclagem
A candidata do União Brasil, Rose Modesto, citou, inicialmente, em 12 tópicos, seu plano de governo acerca dos cuidados que deve reunir para escudar o meio ambiental, desenvolvimento equilibrado e saúde animal, veja:
* Implementar políticas que incentivem a reciclagem, reutilização e reaproveitamento de materiais e a redução de resíduos sólidos, promovendo a economia circular com rentabilidade
* Promover a sensibilização e a implementação dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ONU) em peças publicitárias e ações da gestão municipal.
* Desenvolver programas de eficiência energética nos prédios públicos municipais para promover a autossuficiência energética.
* Implementar políticas para aumentar a eficiência energética na geração de energias renováveis e nos transportes, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, atendendo ao ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima), e aumentando a competitividade empresarial.
* Mitigação das mudanças climáticas:
* Implantar bacias de contenção de águas, de forma interligada, e com monitoramento em parceria com universidades, para a prevenção de enchentes e alagamentos.
* Implantar parques de lazer e de práticas esportivas nestes complexos de retenção de águas.
* Atualizar o Plano Municipal de Arborização, com ampliação dos viveiros para aumento de plantios.
* Ampliar, aprimorar e manter programas de bem-estar animal.
* Incentivar a participação popular, expandir o diálogo com a comunidade na área de bem-estar animal e apoiar a rede de protetores de animais do terceiro setor.
* Ampliar o atendimento no castramóvel, por meio da aquisição de novo veículo, as vagas de procedimentos na unidade de bem-estar animal e seus parceiros, e estimular a chipagem de animais.
* Fortalecer as campanhas de vacinação para garantir a saúde e o bem-estar animal.
Luso Queiroz: propõe o tombamento do Parque dos Poderes
Candidato do PSOL, Luso Queiroz, 30, o mais jovem entre os candidatos a prefeito de Campo Grande, apontou como prioridade em sua gestão, em caso de vitória, como plano de conservação do meio ambiente:
“Reflorestamento de todas áreas degradadas, arborização do período urbano com metas no plantio robusto, criação de hortos municipais e hortas urbanas”.
Luso promete também a recuperação dos rios Anhanduí e Anhanduizinho, limpeza e proteção diária dos córregos, lagos, lagoas e minas d’água e ainda o monitoramento da qualidade do ar nas sete regiões urbanas mais os dois distritos.
“Fortalecimento da guarda florestal, utilizando inteligência para atuar contra biopirataria e auxiliar na proteção do meio‐ambiente”, é também promessa de Luso.
O candidato do PSOL disse ainda que sua gestão deve “construir uma reserva ambiental com centro de reabilitação animal, garantindo o acolhimento e o tratamento de todos os animais”.
Luso planeja também promover o tombamento do Parque dos Poderes, Nações indígenas e Prosa, a criação de novas áreas de preservação permanente e unidades de conservação e criação do Corpo de Bombeiros Civil Municipal, em parceria com o governo federal, para formar socorristas e brigadistas de incêndio, atuando juntamente com a Defesa Civil, Ibama, ICMBIO contra às catástrofes climáticas.
Camila Jara: reordenamento do desenvolvimento
Camila Jara, deputada federal e candidata do PT, marca como uma de suas ideias a por em prática pensando no meio ambiente:
“Regulamentar os instrumentos urbanísticos do Plano Diretor que coíbem a permanência dos vazios urbanos públicos e privados, destinando-os a produção agroecológica para um programa de segurança alimentar, implicando em aumento zero do nosso perímetro urbano até que toda a área urbana esteja ocupada e que todas as linhas de ônibus e avenidas estejam drenadas e pavimentadas”.
Segue a concorrente:
“Somos uma capital de 92 nascentes que precisam ser cuidadas, e com isso estaremos cuidando de toda cidade”.
Camila compromete-se, segundo seu plano de governo, a “convocar uma Conferência Municipal Extraordinária com a participação ampla da sociedade para aprovação da Política Municipal de Meio Ambiente, que até hoje inexiste em nossa cidade”.
A petista sustenta, ainda, que vai implantar o “Selo Verde – Campo Grande é Verde”, para certificar todas as iniciativas municipais que visem o desenvolvimento sustentável.
Camila acrescenta que seu programa prevê implantar o “Campo Grande Carbono Neutro até 2032, com legislação específica para o cumprimento dessa meta”.
O programa para cuidar do meio ambiente sugerido por Camila quer a aplicar a Lei do Zoneamento Ecológico Econômico de Campo Grande, para o que chama de “um novo ordenamento territorial e ambiental”.
Camila anunciou também que sua gestão deve incentivar a redução, reutilização e reciclagem dos resíduos (economia circular), com “acompanhamento sistemático do tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos dejetos, universalizando a coleta seletiva na cidade, bem como a rede de esgotamento sanitário”.
Camila promete também promover auditorias técnico-administrativa no contrato da concessionária Águas Guariroba e da Solurb, visando monitorar e aprimorar a prestação dos serviços públicos sob a responsabilidade dessas empresas.
A série Desafios de Campo Grande
O Jacaré vem realizando uma série de reportagens para destacar os principais Desafios de Campo Grande para a próxima prefeita ou prefeito. Já abordamos o esvaziamento do centro, saúde, transporte coletivo, educação, habitação e favelas e meio ambiente.
Amanhã vamos falar das obras paradas, que viraram praga na cidade após o fracasso das últimas gestões.