Filho de uma das famílias mais poderosas da Capital, o empresário Jamil Name Filho, 47 anos, foi condenado em seis ações penais, inclusive em dois júris como mandante de duas execuções, e contabiliza 73 anos e dois meses de prisão no regime fechado. A última sentença foi pela morte do empresário Marcel Hernandes Colombo, o Playboy da Mansão, em julgamento encerrado na madrugada desta quinta-feira (19).
Conforme a última sentença, prolatada pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Jamilzinho foi condenado a 15 anos de prisão no regime fechado por ter ordenado a execução do Playboy da Mansão para se vingar de uma briga ocorrida dois anos antes dentro da “Valley Pub”, no Jardim dos Estados.
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O magistrado reduziu a pena em três anos porque Jamilzinho teria agido sob forte emoção para determinar a execução do desafeto. Também foi considerado a fama do Playboy da Mansão, de ser arrogante e prepotente. Por isso, a pena foi reduzida de 18 para 15 anos de cadeia.
A maior condenação de Jamil Name Filho, a 23 anos e seis meses, foi por ter mandado matar o Paulo Roberto Teixeira Xavier, o Capitão Xavier. No entanto, os pistoleiros, José Moreira Freires, o Zezinho, e Juanil Miranda Lima, erraram o alvo e mataram o estudante Matheus Coutinho Xavier, filho do ex-militar.
A terceira maior penalidade foi aplicada pelo juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, por extorsão armada. Ele condenou Jamilzinho a 12 anos e oito meses de prisão em regime fechado por ter extorquido e ameaçado o empresário José Carlos de Oliveira. A vítima contou que perdeu um patrimônio de quatro décadas para o chefe da milícia.
A 4ª maior penalidade foi aplicada pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, em agosto deste ano. A turma ampliou a pena imposta pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, e elevou de seis anos para 10 anos a punição da Jamilzinho por comandar milícia armada e pelo arsenal de armas de grosso calibre encontrados na casa do Bairro Monte Líbano.
A mesma turma reverteu a absolvição do empresário por obstrução de investigação de organização criminosa e coação de testemunhas. Ele foi absolvido em primeira instância, mas o Tribunal de Justiça considerou havia provas de que houve limpa no apartamento de Jamilzinho e o condenou a sete anos e seis meses.
Por porte ilegal de arma de fogo, pelas armas encontradas na casa do Bairro Monte Líbano, o juiz Roberto Ferreira Filho ainda o condenou a quatro anos e seis meses de reclusão.
E o empresário ainda pode ter mais punições. O juiz Roberto Ferreira Filho está com, pelo menos, mais duas ações penais conclusas para sentença, como a de integrar organização criminosa e de exploração do jogo do bicho, junto com o irmão, o deputado estadual Jamilson Lopes Name (PSDB), e do suposto plano para matar autoridades.
Operação Omertà
Jamil Name Filho só foi condenado graças à Operação Omertà, deflagrada pelo Garras e pelo Gaeco no dia 27 de setembro de 2019. Na ocasião, por determinação da Justiça, a ofensiva colocou atrás das grades o empresário e o pai, Jamil Name, um dos homens mais poderosos e influentes de Campo Grande.
Poucos meses antes, em maio de 2019, ele festejou 80 anos em uma festa prestigiada por desembargadores, delegados, promotores, juízes, deputados, prefeito, entre outras autoridades. Ao ser conduzido pelos policiais, Jamil Name se despediu da esposa, a ex-vereadora Tereza Name, dizendo que logo estaria de volta.
Ele e o filho foram transferidos para o Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e a força policial conseguiu desvendar vários crimes, inclusive execuções brutais. E Jamilzinho passou a colecionar sentenças. O pai não teve a oportunidade de provar a inocência ou ser condenado, já que morreu em decorrência das complicações da covid-19 em junho de 2021.