Eliane Benitez Batalha dos Santos, ex-mulher de Marcelo Rios, ex-guarda municipal metropolitano de Campo Grande, julgado pelo assassinato de Marcel Colombo, o Playboy da Mansão, em outubro de 2018, disse em depoimento, nesta terça-feira (17.09), que, enquanto Rios era mantido encarcerado, recebeu em torno de R$ 15 mil da família de Jamil Name, acusado de chefiar milícia armada e morto vítima da Covid-19, em junho de 2021.
Em depoimento na condição de informante, circunstância em que a justiça não exige dela o comprometimento em falar somente a verdade, a Eliane foram mostrados três recibos com valores que alcançaram “uns R$ 15 mil”.
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Eliane respondeu perguntas, principalmente, do advogado de Marcelo Rios, Márcio Widal.
A soma seria, segundo Eliane, dinheiro que o ex-marido receberia, talvez, de “férias” vencidas. Rios trabalhava para a família Name, que, segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), comandava uma organização criminosa.
Eliane afirmou ainda que pegou o dinheiro porque enfrentava dificuldade financeira. Era Rios que bancava a família sozinho. Ela não trabalhava.
Antes de capturado, em maio de 2019, cinco anos atrás, Rios era guarda municipal, em Campo Grande. Eliane disse que o então marido recebia em torno de R$ 5 mil mensais dos Name.
De um lado, a tarefa de Rios na casa seria o de cumprir tarefas ligadas a “serviços gerais”. Já de outro, do lado da investigação, o ex-guarda municipal agia em crimes supostamente encomendados por Jamil Name Filho.
Torturas
Ainda no depoimento, Eliane desdisse o que havia falado antes à polícia. Quando o marido foi preso, ele foi levado para a delegacia do Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).
Logo depois, Eliane e dois filhos pequenos, um menino e uma menina, foram até o Garras e, segundo ela, foram “torturados psicologicamente” pelos policiais.
Eliane chorou em determinados trecho da fala. Para falar com o pai, as crianças, disse ela, eram obrigadas a entrar na cela “fedida” que abrigava Marcelo Rios. Os filhos teriam ficado entristecidos por ver o “pai algemado”.
Ela falou ainda que, ao deixar a delegacia, denunciou o episódio na OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil), mas o caso não seguiu.
Numa ocasião, segundo Eliane, ela disse aos policiais do Garras que os filhos estavam com fome, daí os três foram levados a um supermercado numa viatura policial.
Segurança
Antes, contudo, Eliane, em depoimento à polícia, disse que o marido trabalhava como segurança particular dos Name. Já pelo depoimento desta terça-feira, tudo que disse antes teria sido “sob tortura”.
O julgamento de Rios deve durar até quinta-feira (19), mas pode ser estendido até a sexta, segundo previsão da justiça.
Além de Rios são julgados Jamil Name Filho, que seria o mandante do crime, Everaldo Assis, um policial federal e também o ex-guarda municipal Rafael Antunes Vieira.
Marcelo Rios pode conversar em reservado com Eliane e os dois filhos. Rios cumpre prisão em presídio federal situado no Rio Grande do Norte.
A prisão
Marcelo Rios foi preso no dia 19 de maio de 2019 no âmbito da Omertá, operação conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPMS.
Essa investida desbancou a suposta milícia armada chefiada por Name pai e Name filho, segundo o MPMS.
Assim que deflagrada a operação, os investigadores invadiram uma casa que seria propriedade Jamil Name Filho, no bairro Monte Líbano. Ali havia um arsenal de armas.