Everaldo Monteiro de Assis, policial federal, o também conhecido como Jabá, foi celebrado à exaustão como “exemplar investigador” da PF, por testemunhas indicados por seus advogados nesta terça-feira (17), no segundo dia do júri popular, Assis um deles, pela morte de Marcel Costa Hernandez Colombo, o Playboy da Mansão, assassinado em outubro de 2018, seis anos atrás, em Campo Grande.
Há menos de um mês, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, condenou Jabá a 11 anos e seis meses de prisão no regime fechado, por ele atuar em organização criminosa, violação de sigilo funcional e concurso material. A defesa do policial ingressou com recurso, daí ele continua em liberdade.
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O policial foi denunciado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Jabá seria integrante da máfia chefiada por Jamil Name, que morreu de covid-19, aos 83 anos de idade, em junho de 2021.
Testemunharam em favor do policial, delegado aposentado da Polícia Civil, investigador e ainda o ex-chefe de Jabá, o delegado da Polícia Federal aposentado Antônio Ranieri.
De acordo com o processo acerca do assassinato de Colombo, foi Jamil Name Filho, o Jamilzinho, que teria mandado matar o rapaz.
Jamilzinho e o Playboy da Mansão discutiram numa boate e, depois de trocas de insultos, Playboy deu um golpe com uma das mãos no rosto de Jamilzinho ao ponto de sair sangue do nariz.
A briga ocorreu em 2016, dois anos antes do assassinato. Marcel Colombo, que teria sido “jurado de morte”, procurou Jamilzinho por duas ocasiões para pedir perdão pelo soco, mas não adiantou.
Ficha exemplar
Ranieri, o ex-chefe do policial Everaldo Assis, recordou que o réu fez cursos de investigação nos Estados Unidos da América e agiu em operações importantes da PF, que puseram na cadeia renomados traficantes, entre os quais o ex-major da Polícia Militar de MS, Sérgio Carvalho, hoje preso na Bélgica, país situado na Europa Ocidental.
O ex-chefe de Jabá, afirmou ainda que o réu era um excelente investigador, destacado por intuições na hora de agir contra quadrilhas de traficantes.
Ranieri, também ex-integrante do núcleo de inteligência da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS, disse ainda em seu depoimento que o policial Everaldo Assis, só fez parte de sua equipe de investigadores pela esperteza e índole ilibada.
O ex-chefe disse também que Jabá atuou por tempos na região de fronteira, em Ponta Porã e outros municípios. Jabá, contou o ex-chefe, tinha fontes no DEA, órgão ligado ao Departamento de Justiça dos EUA, encarregado da repressão e controle do narcotráfico.
No fim do depoimento do ex-chefe ocorreu uma discussão entre integrantes do MPE e o advogado de Everaldo, Jail Azambuja. O MPE perguntou à testemunha se sabia que Everaldo tinha sido condenado a 11 de prisão por integrar organização criminosa.
O advogado não gostou e quis que o juiz Aluízio Pereira dos Santos, que conduz o julgamento, impedisse a questão. O MPE insistiu e o magistrado concordou.
Detector de mentiras
Ranieri revelou ainda que, para atuar na equipe de elite da PF, Jabá foi submetido a uma espécie de “teste da mentira”. O PF aposentado narrou que Everaldo foi submetido a ação de um equipamento conhecido como polígrafo.
Tal instrumento, o conhecido detector de mentira, é um aparelho que mede e grava registros de diversas variáveis fisiológicas, tais como pressão arterial, pulso, respiração, e condutividade cutânea enquanto um interrogatório é realizado, supostamente para tentar identificar mentiras em eventuais relatos. Ranieri disse ter chefiado Everaldo até 2008, quando deixou a PF e foi atuar na Sejusp.
Também testemunhou em favor de Everaldo Assis, o delegado da Polícia Civil de MS, José Eduardo Rocha, que atuava na cidade de Naviraí.
O policial disse que recorria aos conhecimentos de Everaldo Assis, com certa frequência, quando investigava determinados crimes, em especial, o tráfico de droga.
Investigador da Polícia Civil, em Mundo Novo, também testemunhou e elogiou o policial federal Everaldo Assis.
O júri O júri popular pela morte do Playboy da Mansão começou ontem e pode durar até quinta-feira (19). Além de Everaldo Monteiro de Assis, são julgados o empresário Jamil Name Filho e os ex-guardas municipais Marcelo Rios e Rafael Antunes Vieira.