Sete dos oito candidatos à prefeitura de Campo Grande mostraram ao O Jacaré que projetos têm para melhorar o serviço dos ônibus coletivos que circulam pela cidade. Há propostas ousadas, como banir o Consórcio Guaicurus, que cuida hoje dos transportes urbanos, criar uma empresa municipal, reduzir a zero a tarifa, fixada em R$ 4,75 e, ainda revisar o contrato com a concessionária, firmado em 2012 e que deve seguir por mais duas décadas. Veja os planos:
A ex-superintendente da Sudeco, Rose Modesto (União Brasil), planeja revisar o contrato para garantir melhorias aos 160 mil passageiros transportados diariamente. A intenção é o de revisar o contrato de concessão do transporte público de Campo Grande para garantir a “qualidade, eficiência, conforto e segurança dos serviços”.
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Na mesma linha, o deputado federal Beto Pereira (PSDB), também fala em rever o contrato firmado em 2012, na gestão do aliado, o senador Nelsinho Trad (PSD). O tucano diz que vai revisar e exigir o que foi pactuado. Exigir da empresa concessionária a garantia de novas linhas e renovação da frota.
O mais radical é o cientista político, Luso Queiroz (PSOL), que pretende enfrentar a “máfia do transporte coletivo”, liderada pela família Constantino, e criar uma empresa estatal para administrar o ônibus urbano.
“Por isso é preciso enfrentar os lucros dos patrões que foram se tornando verdadeiras máfias e lutar pela estatização dos transportes públicos sob controle dos trabalhadores e usuários, sem nenhuma indenização”, afirmou o psolista.
Já a deputada federal Camila Jara (PT) e a prefeita Adriane Lopes (PP) querem modernizar a frota, como a implantação de ônibus elétrico para reduzir a utilização de combustíveis fósseis e reduzir a poluição. A petista ainda propõe a tarifa zero, uma ideia em estudo também pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
Ainda linha radical, o candidato a prefeito Jorge Batista (PCO), não tem rodeios e promete banir o Consórcio Guaicurus, formado por quatro empresas, da cidade. A proposta tem mais o efeito de chamar a atenção do que levar as vias de fato, principalmente, porque o grupo tem contrato de concessão e o rompimento custaria uma fortuna aos cofres públicos.
Rose Modesto (União Brasil)
A intenção da ex-deputada federal Rose Modesto é, primeiro, se vencer o pleito, o de revisar o contrato de concessão do transporte público de Campo Grande para garantir a “qualidade, eficiência, conforto e segurança dos serviços”.
Ela diz também que vai revitalizar os terminais de transbordo, reformular a logística e infraestrutura das estações de embarque e desembarque.
Rose promete, ainda, promover o reordenamento inteligente do trânsito, com a atenção especial para prestadores motorizados, como táxis, veículos de aplicativo, mototáxis e motoentregadores.
A candidata quer também ampliar tecnologias como semáforos inteligentes (onda verde), sistemas de monitoramento e agilização do tráfego para otimizar o fluxo de veículos automotores e elétricos, buscando reduzir congestionamentos e emissões de gases e tóxicos.
A concorrente promete ainda desenvolver campanhas de educação no trânsito, instalar sinalizações adequadas e criar faixas de pedestres elevadas em avenidas de intenso tráfego para reduzir acidentes e proteger os cidadãos. E, também, ampliar o plano de sinalização urbana nos bairros e centro da cidade.
Luso Queiroz (PSOL)
O candidato do PSOL, Lucas Gabriel de Souza Queiroz Batista, o Luso Queiroz, disse que quer reestatizar o transporte público, em Campo Grande, note:
“Garantir um transporte racional, que atenda de fato as necessidades da população e a dignidade dos trabalhadores é uma tarefa que nenhum patrão que lucra com esse, que deveria ser um direito, pode garantir. São os usuários que estão nos bairros mais distantes ou populosos, a juventude que estuda, mas também tem direito ao lazer da cidade, junto aos trabalhadores do transporte que cotidianamente garantem o serviço, os que verdadeiramente podem planejar e executar um transporte de qualidade”, diz.
“Por isso é preciso enfrentar os lucros dos patrões que foram se tornando verdadeiras máfias e lutar pela estatização dos transportes públicos sob controle dos trabalhadores e usuários, sem nenhuma indenização”.
Beto Pereira (PSDB)
Revisar o contrato com a concessionária e exigir o que foi pactuado. Exigir da empresa concessionária a garantia de novas linhas e renovação da frota. Asfaltar 44 km de linhas de ônibus que ainda não estão pavimentadas.
Beto Pereira promete, ainda, reformar os terminais rodoviários urbanos. Rediscutir os corredores de ônibus implantados na cidade.
Adriane Lopes (PP)
A candidata à reeleição, Adriane Lopes, do PP, disse ter uma série de propostas para transformar a mobilidade urbana de Campo Grande, “colocando a modernização do sistema de transporte e a requalificação de vias como prioridades em seu plano de governo”.
A proposta de Adriane para a mobilidade urbana vai além do asfalto, conforme informou a prefeita, por meio de sua assessoria:
“A prefeita planeja modernizar os terminais de transbordo, redimensionar as linhas de transporte público com base em um estudo detalhado dos deslocamentos da população e trabalhar o conceito de “última milha”, que visa facilitar o trajeto final do usuário até seu destino. A prefeita também se compromete a atrair novos usuários para o sistema de transporte público, tornando-o mais eficiente e acessível.
A candidata informou, também, que vai propor a implantação de ônibus elétricos e veículos movidos a gás natural veicular (GNV) no transporte coletivo de Campo Grande. A substituição gradual da frota é uma medida que alia inovação e compromisso com o meio ambiente, promete Adriane.
Camila Jara (PT)
A candidata petista, sustenta em seu plano de governo que, se vencer a eleição, vai se apegar a um estudo e levantamento de fontes de financiamento para implementação de Tarifa Zero no transporte coletivo a médio prazo e reestatização da prestação do serviço;
Uma das avaliações da candidata do PT, Camila Jara, para o transporte urbano, é o de avaliar e revisar criteriosamente o contrato de concessão do transporte coletivo, “visando promover a contínua melhoria do serviço, considerando o desenvolvimento tecnológico de veículos e equipamentos, que garantam qualidade, eficiência, quantidade adequada e preço socialmente justo”.
Implantação de infraestrutura voltada para pedestres como faixas de pedestres, travessias elevadas, tempo semafórico para pedestres em todos os cruzamentos das Avenidas Mato Grosso e Afonso Pena e nas principais avenidas e vias do bairro;
A petista quer ainda programar, com início a curto prazo, a substituição dos ônibus movidos a combustíveis fósseis por ônibus elétricos.
Ela promete também fazer reformas e manutenção constante dos terminais de ônibus de forma a assegurar o atendimento confortável a todas as pessoas, incluindo bebedouros com água gelada, sanitários acessíveis e com trocadores de bebês, bancos, iluminação, proteção contra sol e chuva e segurança.
Programar a implantação de pontos de ônibus cobertos, acessíveis, com bancos, iluminação, informações de itinerários e horários dos ônibus em toda cidade, é outra intenção da petista.
Instituir que a pavimentação do passeio público seja executada pelo poder público, com a devida cobrança na forma de contribuição de melhoria, também aparecem em seus planos criados para melhorar o transporte público da cidade.
Ubirajara Martins (DC)
Ubirajara disse que vai focar firme numa proposta pensada para melhorar o transporte coletiva em Campo Grande: o de oferecer transporte alternativo, como Vans com ar condicionado e incentivar o uso de bicicletas eletrônicas
Jorge Batista (PCO)
O candidato a prefeito de Campo Grande afirmou que um dos trunfos de sua administração, em caso de vitória na eleição, é o de “banir o Consórcio Guaicurus da cidade”.
“Hoje, um ônibus não sai da fábrica sem ser equipado com ar-condicionado”, afirmou Jorge Batista, o candidato que disse que a concessão do serviço de transporte urbano, em Campo Grande, é o “símbolo da vergonha”.
No caso da citação do ônibus saindo da fábrica equipado é uma crítica à concessionária do transporte, que prometera e não cumprira que seus veículos teriam ar-condicionado. E não tem. Ele pretende trocar o consórcio por uma empresa municipal. A troca, com tudo, não será breve por exigir estudos para pôr em prática o projeto. Jorge prometeu também que sua administração vai construir mais dois terminais de ônibus, um na vila Santa Mônica e outro na região do Indubrasil.
O candidato Beto Figueiró, do Novo, foi o único a não responder ao O Jacaré.