Os candidatos a prefeito Rose Modesto (União Brasil), Beto Pereira (PSDB) e Camila Jara (PT) conseguiram acertar na indicação do candidato a vice-prefeito e terão companheiros de chapa que podem agregar mais votos. Por outro lado, a prefeita Adriane Lopes (PP) pode até ter escolhido um bom nome, mas sem força política para ajuda-la a recuperar os pontos perdidos após ser abandonada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com o cientista político, Tércio Albuquerque, os vices fazem muita diferença, porque podem agregar ou até desagregar para os titulares. “É preciso pensar em um candidato a vice ideal para ter mais votos, não menos”, explicou ele, que também é advogado e jornalista.
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Além de somar para o candidato, o vice tem chances reais de se tornar o próximo prefeito em Campo Grande. Na história da Capital, Gilmar Olarte (PP) assumiu o lugar de Alcides Bernal (PP) por um ano e cinco meses após uma cassação polêmica e criminosa, segundo denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Adriane é o último exemplo de que o adjunto do prefeito pode virar titular e comandar a Prefeitura de Campo Grande. Mesmo sem ter um voto, ele assumiu a vaga após Marquinhos Trad (PDT) renunciar ao cargo para ser candidato a governador em abril de 2022.
Os melhores vices
Para Albuquerque, a ex-superintendente da Sudeco, Rose Modesto (União Brasil), escolheu o melhor candidato a vice-prefeito, o advogado Roberto Oshiro, então primeiro-secretário da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande. A entidade representa um setor importantíssimo como agente do desenvolvimento econômico e social.
O setor passará a contar com um representante no Paço Municipal em um momento crucial, principalmente, com o agravamento da crise do comércio da Rua 14 de Julho e o esvaziamento do Centro. Oshiro ainda representa a comunidade japonesa, uma das mais populosas e expressivas na Capital.
Neidy Barbosa Nunes, a Coronel Neidy (PL), é outra candidata a vice-prefeita que deve somar muito a campanha de Beto Pereira. Além de ser a representante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ela foi a primeira mulher a chegar ao posto de coronel e ao cargo de comandante da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.
Tércio Albuquerque avalia que a militar tem liderança e influência em um setor estratégico da campanha, a segurança pública. Na sua avaliação, o tucano escolheu uma mulher com representação. Outro ponto é que Beto foi estratégico ao ter uma mulher como vice para disputar o voto feminina com as outras três candidatas a prefeita.
A candidata a prefeita Camila Jara também soube escolher o candidato a vice-prefeito, principalmente, de acordo com o cientista político, por ser Zeca do PT ser um político experiente e com liderança no meio sindical e na classe política.
Após fazer várias ressalvas e até defender a desistência de Camila, Zeca tem dito aos mais próximos que vai entrar de corpo e alma na campanha da deputada federal. Ele estaria dispostos a gastar sola de sapato para relembrar as realizações de seu Governo na Capital e tentar emplacar a candidatura da jovem petista.
A vice de Adriane
Sem o apoio de Bolsonaro, Adriane sofreu o primeiro revés porque planejava contar com um candidato a vice-prefeito do PL. Um dos cotados era o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho. Desde o início, a estratégia da campanha era contar com um homem como vice.
No entanto, vários cotados, como Capitão Contar (PRTB) e Beto Figueiró (Novo) – rejeitaram o convite. A prefeita até chegou a ter um nome de peso no bolsonarismo, o deputado federal Luiz Alberto Ovando, o Dr. Ovando (PP), mas ele não se afastou a tempo do programa na TVE e teria o nome impugnado pela Justiça Eleitoral.
Como a campanha será curta, com 45 dias, a prefeita acabou optando por não correr o risco e escolher a ex-presidente do Instituto Municipal de Previdência, Camila Nascimento Oliveira (Avante). No entanto, ela não tem expressão política e, ainda, faz parte de um grupo onde Adriane já possui votos.
Tércio Albquerque concorda com análise e conclui que Camila Nascimento não agrega valor à campanha pela reeleição de Adriane. Ou seja, precisando de uma recuperação nas pesquisas, a prefeita vai precisar recorrer a outro meio, já que não conseguiu um candidato a vice com força política para voltar ao jogo.
A campanha eleitoral começa oficialmente a partir da próxima sexta-feira (16).