O apoio da Federação Brasil Esperança, composta pelo PT, PCdoB e PV, a candidatura a prefeito de Corumbá, do ex-senador Delcídio do Amaral (PRD), causou um racha entre os petistas e a briga terminou na Justiça. Os petistas corumbaenses querem apoiar o delator da Operação Lava Jato, que dedurou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o apoio foi vetado pela executiva nacional.
Natural de Corumbá e após ter a carreira política destruída com a prisão na Operação Lava Jato em 2015, Delcídio pretende recomeçar como candidato a prefeito de Corumbá após duas derrotas consecutivas.
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Para obter o apoio da federação, o presidente regional do PRD prometeu estrutura de campanha para os candidatos a vereador, a vaga do candidato a vice-prefeito para o empresário Bruno Miguéis (PT) e duas secretarias no caso de vitória. A proposta seduziu os petistas.
De acordo com o presidente municipal do PT, Webergton Sudário, o Corumbá, a reunião do partido aprovou a aliança com o candidato a prefeito de oposição, o médico Gabriel Alves de Oliveira, o Dr. Gabriel (PSB). Contudo, a “convenção” foi substituída por uma lista, passada depois pelos mesmos integrantes, conforme o dirigente petista, mudando o apoio para Delcídio.
E na convenção da Federação Brasil Esperança, o apoio ao ex-senador foi aprovado por unanimidade. A decisão foi encaminhada para a cúpula regional, que acabou mantendo a decisão pelo placar de 2 a 1. O presidente regional do PT, Vladimir Ferreira, votou contra a aliança com Delcídio.
Ao ser comunicada do racha, a executiva nacional da Federação Brasil Esperança vetou a aliança com Delcídio e impôs, em Corumbá, o apoio ao Dr. Gabriel. O PT local não aceitou a decisão e ingressou com mandado de segurança na Justiça Eleitoral para se coligar com o PRD.
Ferreira afirmou que o dirigente do PT em Corumbá vai ser alvo de processo ético-disciplinar por não seguir a orientação do partido. “Ele votou contra a orientação do partido, que decidiu pelo apoio ao Dr. Gabriel na reunião do dia 23”, explicou o cacique petista. Ele pode ser expulso do partido por infidelidade.
Sudário afirmou que o partido tem direito a abrir a sindicância, mas ele também espera ter direito a ampla defesa. Ele disse que o seu candidato favorito era o ex-secretário municipal de Governo, Luiz Antônio Pardal (PP), o “pupilo” do prefeito Marcelo Iunes (PSDB).
Delcídio até adiou a oficialização do vereador Luciano Costa (Podemos) como candidato a vice-prefeito a espera do apoio da federação. O PT de Corumbá espera reverter a decisão da cúpula nacional na Justiça.
O PT sempre se dividiu quanto a Delcídio. Em 2002, quando o então governador Zeca do PT, filiou-o ao partido e lançou ao Senado, a esquerda do partido foi contra e protestou contra a candidatura do corumbaense, que acabou derrotando a lenda Pedro Pedrossian na disputa pelo Senado.
Em 2006, quando disputou o Governo, Delcídio desconfiou que não teve o apoio efetivo de Zeca na disputa do Governo do Estado e nunca mais perdoou o padrinho político.