As ministras do Orçamento e Planejamento, Simone Tebet (MDB), e do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), descreveram um cenário “devastador” após sobrevoarem o Pantanal de Mato Grosso do Sul nesta sexta-feira (28), junto com o governador Eduardo Riedel (PSDB).
As integrantes da comitiva ministerial de Lula (PT) destacaram que o Governo Federal acompanha a situação dos incêndios desde o ano passado e o presidente deu “carta branca” na disponibilização de recursos para resolver a crise ambiental.
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Além de Marina e Simone, também esteve em Corumbá o secretário-executivo do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Valter Ribeiro de Moura.
Após acompanharem as ações de combate aos incêndios no Pantanal, as ministras participaram de coletiva de imprensa na qual fizeram questão de destacar que o governo Lula atua junto ao governo de MS no planejamento do combate a incêndios e desmatamento desde o primeiro ano de gestão do petista.
“Depois do ano passado, quando o presidente Lula assumiu, nós começamos um processo de planejamento tanto interno como com os governos estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, disse Marina Silva. “Nós já temos mobilizados aqui 280 pessoas do governo federal advindas do Ibama e do ICMBio, acabou de chegar aqui um avião que tem capacidade de espargir água de 12 mil litros da Força Aérea Brasileira, pela primeira vez no Pantanal. E temos outras sete aeronaves fazendo o combate”.
A ministra do Meio Ambiente explicou que o planejamento de combate aos incêndios previa situação mais crítica em agosto, porém, com chuvas muito abaixo da média desde setembro de 2023 e oito ondas de calor até maio, os trabalhos foram antecipados para este mês.
“É uma cena desoladora, obviamente que muito triste ver todas essas belezas e riquezas sendo queimadas e, obviamente, que o esforço conjunto dos diferentes órgãos de governo”, relatou Marina sobre o que viu hoje.
“Os incêndios que estão acontecendo agora têm uma junção perversa. Mudança do clima, escassez hídrica severa, e desmatamento uso de fogo. É isso que está fazendo com que a gente veja o Pantanal em chamas. Ainda bem que temos feito um trabalho previdente”, completou.
A ministra Simone Tebet reforçou o trabalho federal no planejamento junto ao governo estadual, através de um grupo de trabalho criado em setembro.
“Não estamos aqui tarde, nós estamos monitorando isso desde o ano passado. É importante que eu faça a defesa do ministério da Marina, como alguém do agronegócio. Desde o ano passado, o governador de Mato Grosso do Sul nos acionou, nos cobrou”, afirmou a ex-senadora de MS. “O que vem pela frente é infinitamente maior do que aconteceu ano passado”.
“As nossas presenças podem ter se dado apenas em junho aqui, mas estamos trabalhando há praticamente um ano para prevenir. Se não fosse isso, esses focos lamentáveis que vimos seriam o dobro”, prosseguiu.
O governador Eduardo Riedel fez coro à atuação do governo Lula em auxílio no combate aos incêndios.
“O governo federal teve uma resposta absolutamente imediata. O planejamento permitiu isso, estávamos mobilizados. Na segunda-feira, eu enviei ofício e conversei com o ministro da Defesa e com o ministro da Justiça, pedindo o KC, tecnologia brasileira, um dos maiores aviões do mundo preparados para combate a incêndio”, declarou o tucano.
“Em seis horas prepararam o avião para estar aqui hoje para atuar nos incêndios no Pantanal. A resposta tem sido absolutamente imediata. Qualquer ação de demanda internacional é tão somente se o governo federal. Temos plena convicção de que vamos conseguir e temos meios para isso”, afirmou Riedel.
Carta branca no orçamento
Em seu discurso, a ministra Simone Tebet passou um “recado” do presidente Lula aos sul-mato-grossenses, no qual “deu carta branca”, especialmente para a ministra Marina Silva, de disponibilização de recursos financeiros para resolver a crise ambiental pantaneira.
“Diga ao povo de Mato Grosso do Sul que todos os ministérios necessários estão envolvidos – só agora são pelo menos oito ministérios envolvidos – que não faltará recursos nem orçamento, ainda que com crédito extraordinário para que possamos ter mais efetivos, mais brigadistas, mais aeronaves, mais veículos, e mais recursos para que possamos combater esse incêndio”, citou Simone sobre a fala do petista.
A ministra ainda fez um alerta de que orçamento não vai faltar, mas nenhum dinheiro do Brasil ou de organismos internacionais vai ser suficiente, se houver campanha de conscientização e responsabilização dos incêndios criminosos no Pantanal.
Incêndios em propriedades particulares e investigação da PF
Marina Silva informou que 85% dos incêndios no Pantanal ocorrem em propriedades privadas e os municípios que mais desmataram são os que mais têm incêndio.
“No caso de Corumbá, no ano passado tivemos aumento do desmatamento de 50%, não por acaso está respondendo por 50% dos incêndios que temos”, declarou a ministra do Meio Ambiente. Ela disse que há processo de investigação usando a inteligência da Polícia Federal e do governo do Estado para responsabilização dos incêndios criminosos.
“Temos que reconhecer que além dos efeitos climáticos, como a ministra Marina disse, tem aqui, lamentavelmente, a mão do homem. E a mão do homem criminoso”, disse Simone Tebet.
Ao fim, Marina fez uma apelo. “Se não pararmos de colocar fogo, não tem quem consiga dar conta dessa junção perversa, resultado da mudança do clima, escassez hídrica severa, e desmatamento com uso de fogo”, finalizou.