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    No Divã Em Paris – O direito da mulher não pertence aos homens

    Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt22/06/20244 Mins Read
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    Mário Pinheiro, de Paris

    Viver não é um absurdo. O absurdo acontece quando a vida de adolescentes grávidas a partir do estupro sejam impedidas de interromper a gestação provocada por um criminoso. O fiel desejo do dito “deputado evangélico” é que a menina, ou a mulher que praticou aborto, saia do hospital diretamente para a prisão, cumpra uma pena maior do que seu algoz e que essa interrupção da gestação seja considerada homicídio.

    O absurdo em si é o estupro, é o sexo forçado. Outro absurdo que não entra na cabeça dos parlamentares é que o ato violento, às vezes de forma repetida, geralmente é fruto de violência e ameaças do próprio pai, tio, padrasto ou do pastor.

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    Em suma, é o absurdo de violentar o corpo de uma criança e a loucura maior é a cacofonia dos trogloditas em querer obrigar que a vítima apalpe a cria monstruosa. A história de Lucrécia está no início do mito do império romano, segundo Tito Lívio. Ela, uma sublime personalidade ligada ao poder, foi estuprada pelo rei Tarquinio, o Soberbo. O suicídio era questão de honra pra salvar a personalidade e o respeito de Lucrécia.

    Contra a sociedade patriarcal, nos anos 60 e 70, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, as protestações sociais se multiplicaram mesmo com o acesso da classe média na consumação desenfreada. Os movimentos femininos se mostraram contrários à sociedade conservadora, reivindicavam autonomia, lutavam pelo direito de abortar.

    Na França, a única mulher magistrada e política capaz de peitar o mundo machista dominado pelos homens foi Simone Veil. Em 1976, depois de diversas protestações das mulheres, sobretudo Simone de Beauvoir, o projeto foi aprovado numa assembleia legislativa de cuecões.

    O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, constitui uma enorme fonte de inspiração da crítica feminista dos anos 1960. Sua obra teve um sucesso internacional incrível. Ela denuncia as ideias que contribuíram, desde a Antiguidade e Idade média, a despossuir as mulheres de sua autonomia e a colocá-las na completa dependência dos homens.

    “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, ela afirma o caráter cultural da dominação masculina. Esse deputadozinho, autor do projeto letal contra meninas estupradas, deveria estudar.    

    Seria impossível, violento e absurdo gestar, criar e depositar carinho no filho de um monstro. Não estamos na mitologia grega em que Zeus engravidou um animal e saiu o Minotauro, muito menos no conto do nascimento de Priape, filho horroroso rejeitado, fruto do adultério de Dionisio e Afrodite.

    A cambada evangélica, como bem disse um pastor, usa a nomenclatura eclesial e bíblica porque se torna fácil tentar ludibriar os ignorantes. Mas as mulheres de toda parte do Brasil se sentiram atingidas em seus direitos, saíram às ruas pra manifestar e protestar a incompreensão desta cruel e absurda ousadia.

    Não é um grupo teocrático que pode investir contra a natureza humana. E se algum dia essa cambada evangélica chegar ao poder, a sociedade brasileira será igual ou pior que o tratamento recebido pelas mulheres talibãs no Afeganistão ou do Oriente Médio. Chicotadas e apedrejamento.

    A força do feminismo é necessária para compor e somar com a fraqueza do olhar masculino. A conquista da igualdade de direitos constitui uma luta de reivindicações pela emancipação das mulheres. O presidente da Câmara Federal cometeu um ato de covardia em fazer avançar o projeto no regime de urgência, sem debates, sem posições contrárias.

    Que a menina ou a mulher engravidem a partir do estupro, é direito delas não conviverem com a barriga que nutre a cria da monstruosidade. Que possamos evitar o absurdo!

    (*) Mário Pinheiro é jornalista pela UFMS, mestre em Sociologia da Comunicação, filósofo e doutor em Ciências Políticas ambos por Dauphine, Paris. Ele escreve aos sábados.

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