A deputada federal Camila Jara (PT) planeja ser prefeita para apresentar um “projeto diferente” dos demais pré-candidatos e últimos gestores para tirar a Capital da situação de “total abandono”. Para resolver os gargalos gravíssimos na área da saúde, como falta de remédios e anos de espera por consulta e cirurgia, a petista cogita usar um software criado com êxito em Pernambuco e criar uma força-tarefa para resolver a situação.
Vereadora da Capital, no primeiro mandato de deputada federal e candidata mais jovem, Camila é a 5ª pré-candidata a participar da série de entrevistas de O Jacaré para apresentar suas propostas para a Capital.
Veja as outras entrevistas da série:
Beto propõe austeridade para recuperar “cidade perdida” e quer retomar era das grandes obras
André vê apelo para “resolver esculhambação” e promete pôr finanças em dia em três anos
Rose propõe resolver “problemas de décadas” e mostrar potencial da Capital para o mundo
André Luís quer colocar Campo Grande no século XXI e torná-la referência em qualidade de vida
“Existem pr ojetos personalistas, não existe nenhuma novidade”, lamenta a candidata sobre as propostas apresentadas pelos adversários. “Campo Grande ficou parada no tempo. É um descaso com as pessoas”, lamenta a deputada federal, que cita o esvaziamento e empobrecimento do Centro como exemplo do descaso.
“Não pode ocorrer no Centro de Campo Grande o que ocorreu na região central de São Paulo”, alerta a petista, sobre a cracolândia paulista sem solução à vista. Para a deputada, a atual gestão não tem plano para erradicar a extrema pobreza, acabar com as favelas e ainda penaliza os empreendedores, como pequenos e microempresários. “Nem limpeza urbana está sendo feita, falta dipirona nas unidades básicas de saúde, como vamos discutir a expansão das equipes de saúde na atenção básica”, questiona a parlamentar.
Para a deputada federal, é preciso reação urgente para evitar o esvaziamento do Centro. “É preciso colocar pessoas no Centro, a volta dos moradores”, defende. Camila quer buscar exemplos bem-sucedidos em outras cidades, como Recife, administrada por outro jovem, João Campos (PSB), que está concluindo o primeiro com 80% de aprovação. Ele revitalizou o porto velho com cultura.
A pré-candidata defende a realização a ocupação dos vazios urbanos, incentivos para os negócios e o desenvolvimento de atividades culturais e incentivar barzinhos no perímetro que englobe o Centro de Belas Artes, a eterna obra inacabada, a Rotunda cultural, a Rua 14 de Julho e a Avenida Calógeras.
Ela também busca em Recife uma solução para a saúde pública, onde a pacientes esperam até 72 meses por uma consulta ou cirurgia. A petista diz que é preciso realizar um diagnóstico, mas cogita adotar o modelo pernambucano, em que um software dá instruções para o pré-operatório e reduziu a fila de espera por cirurgia em 80%.
Camila Jar aquer criar uma força-tarefa para resolver os problemas enfrentados pela população na área da saúde. Um dos pontos a serem resolvidos é a reduzir a alta rotatividade de médicos. “Tem que investir na política de atenção primária e melhorar as condições de trabalho”, propõe.
A deputada lamenta que Campo Grande deixou de ser referência no desenvolvimento social e de mobilidade urbana. Camila propõe pensar em políticas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e também soluções ousadas.
A parlamentar pretende se inspirar em projetos bem sucedidos em Bogotá e Medelin, na Colômbia, que conseguiram implementar desenvolvimento urbano com cultura e políticas públicas.
Residente na periferia da Capital, a deputada federal promete dar especial atenção para as moradias precárias. Nas suas contas, a cidade tem de 38 a 40 favelas. Além de contar com o programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Lula (PT), ela quer implementar política de ocupação dos vazios urbanos. O déficit habitacional é de 60 mil moradias no município.
Sobre o comprometimento de 55% da receita com o pagamento de salários, a pré-candidata diz que o problema não gastar com o servidor, principalmente, porque a prefeitura tem déficit de funcionários em áreas como segurança, educação e assistência social.
“A prefeitura abre mão de vários instrumentos arrecadatórios”, acusa. Uma das armas que a deputada defende para elevar a arrecadação e inibir a especulação imobiliária é o IPTU progressivo, que prevê alíquotas maiores em terrenos vazios e sem finalidade social. Outra sugestão é cobrar pela propaganda realizada na Avenida Afonso Pena.
“A economia está parada”, lamenta a deputada federal. Ela defende incentivos e ações para facilitar e não dificultar a vida dos empresários, micro, pequenos ou grandes. “Tem a Rota Bioceânica, Campo Grande pode ser referência para a América Latina e atrair empresas. Não pode perder essa oportunidade”, enfatiza.
Na área de mobilidade urbana, Camila defende a retomada do projeto de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que chegou a ser sugerido por pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e nunca saiu do papel. Ela defende que o Consórcio Guaicurus amplie o atendimento à população e não reduza o número de coletivos no horário noturno, quando trabalhadores estão retornando para casa.
A deputada federal critica a falta de investimento em ciclovias. Ela lembrou que viabilizou R$ 5 milhões em emenda quando era vereadora para interligar as ciclovias existentes, mas os recursos acabaram não sendo usados. Agora, como deputada federal, conseguiu mais R$ 5 milhões para ampliar a ciclovia existente, mas também não foram utilizados.
Nesta fase de pré campanha, O Jacaré converso com cinco pré-candidatos sobre suas propostas: Professor André Luís (PRD), Rose Modesto (União Brasil), André Puccinelli (MDB), Beto Pereira (PSDB) e Camila Jara (PT). O site convidou todos para apresentar as propostas.