Superintendente de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Rosiane Modesto de Oliveira, Rose Modesto (União Brasil), planeja ser prefeita para “resolver problemas de décadas” que não foram resolvidos pelos últimos prefeitos. “Falta planejamento e vamos mostrar o potencial de Campo Grande para o Brasil e para o mundo”, afirma a pré-candidata a prefeita, a 2ª a participar da série de entrevistas de O Jacaré.
Com a experiência de vereadora da Capital, vice-governadora, secretária estadual e deputada federal, ela garante que é preciso realizar parcerias com os governos federal e estadual para realizar obras de infraestrutura e preparar a Cidade Morena para quando chegar a contar com mais de um milhão de habitantes.
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“Temos bairros com mais de 50 anos sem asfalto. Mais de mil quilômetros de ruas não são pavimentados”, lamenta a ex-deputada, que deve disputar a prefeitura da Capital pela segunda vez. Em 2016, ela chegou ao segundo turno e perdeu para Marquinhos Trad (PDT).
“Ainda temos uma malha asfáltica velha, que o tapa-buraco não resolve mais”, aponta, sobre uma queixa frequente dos motoristas sobre a péssima qualidade das principais vias. “A Capital vai precisar de programa para restaurar a malha asfáltica a curto, médio e longo prazo. Cerca de 250 quilômetros de asfalto estão muito ruins e a operação tapa-buracos não resolve mais”, propõe, deixando claro que a solução é o recapeamento.
Rose também lamenta a não retomada das obras na área da educação, como os centros de educação infantil. Além de concluir as obras inacabadas, a superintendente da Sudeco pretende construir novas unidades e ampliar as atuais para ampliar a oferta de vagas. “A criança não consegue vaga na escola, fica vulnerável e a mãe fica sem emprego”, lamenta.
Ela ainda avalia que um dos maiores problemas da Capital é a saúde. “Existe um déficit de profissionais, só para médicos são 1,4 mil vagas”, afirma. Para Rose, a solução é investir na valorização do servidor e melhorar a remuneração dos médicos, que estariam trocando a Capital pelo interior ou outros estados devido aos baixos salários.
Para a enfermagem, ela diz que é fundamental pagar a insalubridade, como já foi determinado pela Justiça, mas ainda não é cumprido pelo município. “É preciso valorizar o servidor da saúde e discutir o Plano de Cargos e Carreiras”, propõe.
“Campo Grande é a única capital que não possui um hospital municipal”, lamenta. Além de defender o projeto, ela critica, sem citar nominalmente a prefeita Adriane Lopes (PP), por fazer mistério sobre como irá tirar do papel o projeto para a construção do complexo hospitalar de R$ 200 milhões e com 250 leitos. “É preciso ouvir os servidores da saúde, ter diálogo e transparência”, alfineta.
Outras soluções apontadas para minimizar o drama da população na saúde, Rose defende a realização de mutirões para desafogar e reduzir as filas por consultas, exames e cirurgias. “A saúde deve ser o foco, porque tem muita gente desesperançada com isso”, critica. Ela defende transparência do sistema de regulação (Sisreg), porque os pacientes são incluídos no sistema, mas não possuem a menor noção de quando vão ser atendidos.
Ela propõe a construção do Hospital da Criança, para centralizar o atendimento e resolver o problema do déficit de pediatra nas unidades de saúde do município. Outra solução é a implantação do Centro de Telemedicina, que conta com recursos do Governo federal.
Como a Capital está com as contas no limite e não tem condições de investimentos, Rose defende parceria com o Governo federal para buscar recursos. “É preciso separar ideologia quando se é prefeita, ter diálogo”, disse, criticando Adriane, que vem priorizando a busca de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e evitando conversar com os ministros e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Não pode ficar isolado”, detona. Rose diz que sabe os caminhos de Brasília para viabilizar obras na Capital. Em seguida, ela cita exemplo de que conseguiu dialogar com os dois lados da polarização política. Como deputada federal, ela diz que conseguiu viabilizar R$ 300 milhões em emendas em quatro anos durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Atualmente, integra a equipe de Lula como superintendente da Sudeco.
Sobre os problemas financeiros da Capital, que compromete mais de 55% da receita com o pagamento de funcionários, Rose Modesto atribui o quadro caótico nas finanças às gestões dos últimos 10, 12 anos. “Faltou gestão eficiente, não se pode gastar mais do que arrecada”, explica.
“É preciso enxugar a máquina por dentro. Para fazer os investimentos necessários, o governo deve ser enxuto, a equipe reduzida e eficiente”, propõe. “Vou reduzir os cargos comissionados, políticos”, enfatiza, destacando que vai manter os processos seletivos.
Sobre o transporte coletivo, a pré-candidata afirma que o Consórcio Guaicurus deve cumprir o contrato. Ela lembrou perícia realizada pela Justiça a pedido do Ministério Público, que apontou lucros das empresas de ônibus. “Vamos cobrar frota mais nova, mais ônibus nas ruas”, defende.
Antes de comprar o primeiro carro, ela lembra que andou de ônibus até 2001 e até hoje os problemas de superlotação persistem. Conforme a ex-deputada, a população ainda se queixa que os veículos ficam lotados e não param nos pontos em determinados horários. Outro problema é que apenas 50% dos 4 mil pontos de ônibus possuem cobertura.
Sobre as enchentes, a pré-candidata quer implantar um sistema de monitoramento dos 33 córregos e dois rios para alertar eventuais alagamentos. Além disso, ela pretende investir na construção de piscinões e resolver os pontos mais emblemáticos, como as avenidas Rachid Neder, Ernesto Geisel, Guaicurus e José Barbosa Rodrigues, entre outras.
A representante do União Brasil quer investir na atração de novas empresas e realizar justiça fiscal para elevar a arrecadação sem aumentar impostos. “Estamos perdendo muita coisa para o interior”, lamenta, criticando os últimos gestores pela perda de indústrias.
Ela cita que a Capital acabou perdendo um investimento milionário com a ida de uma esmagadora de soja para Maracaju. “Não vem a indústria, mas vem o problema”, conclui, ao lembrar da demanda de pacientes do interior que são atendidos na Capital.
Para resolver o problema da falta de mão de obra qualificada, Rose explica que pretende fazer parcerias com o Governo estadual e com o Sistema S para qualificar trabalhadores. Conforme a pré-candidata, essa é a principal queixa dos empresários sobre investimentos na Capital, a falta de trabalhadores qualificados.
“É preciso pensar um Governo de quatro anos, mas preparar (a cidade) para 20 anos, com olhar moderno, sem medo de copiar experiências de outras cidades”, conta. Um dos exemplos será Salvador, que foi administrada pelo secretário geral da executiva nacional do seu partido, ACM Neto. “Salvador estava igual Campo Grande, em último lugar no ranking de saúde fiscal. E, ouvindo servidores de carreira, conseguiu recuperar em quatro anos”, cita.
Sobre ao abandono do Centro da Capital, que perdeu população nos últimos anos, Rose vai apostar nos eventos culturais. “A cidade precisa ter um pouco mais de vida”, defende, sobre uma das medidas para revitalizar a região central.
“É preciso discutir o Centro para não virar uma cracolândia”, defende. E um dos problemas a serem solucionados é a falta de estacionamento.
Rose é formada em História e foi professora da rede pública por 12 anos antes de ser eleita vereadora da Capital. Ela foi vice-governadora e secretária estadual de Assistência Social no primeiro mandato de Reinaldo Azambuja (PSDB). Em 2016, foi candidata a prefeita da Capital e foi a deputada federal mais votada em 2018. Em 2022, ela foi candidata a governadora e ficou em 4º lugar. Atualmente, é superintendente da Sudeco.