Com o voto contrário apenas do vereador Izaqueu de Souza Diniz, o Gabriel Auto Car (PSD), citado na investigação da Operação Tromper, a Câmara Municipal de Sidrolândia aprovou a abertura da Comissão Processante contra Vanda Camilo (PP). O requerimento pela instauração do procedimento, proposto pelo Enelvo Felini Júnior (PRD), foi aprovado por 12 votos e põe a progressista na corda bomba.
A 3ª fase da Operação Tromper, deflagrada no dia 3 deste mês, prendeu o ex-secretário municipal de Fazenda e vereador da Capital, Claudinho Serra (PSDB). A prisão do genro arrastou a prefeita para o maior escândalo de corrupção na história de Sidrolândia.
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A situação se complicou com a homologação da delação premiada de Tiago Basso da Silva, ex-servidor do município e apontado com um dos principais atores no esquema de desvios de recursos públicos no município. Como ele citou a prefeita, o acordo de colaboração premiada foi assumido pela Procuradoria-Geral de Justiça e homologado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
A população passou a lotar o plenário da Câmara para cobrar os vereadores, que estão a seis meses de buscar a reeleição. Apesar de politico apostar na memória curta do eleitor, o tempo é o grande adversário da prefeita, já que a Operação Tromper vai estar viva na memória da população sidrolandense em outubro.
Para o autor do requerimento, Enelvo Júnor, a delação premiada aumentou a pressão sobre os vereadores. Até os parlamentares do PP, partido de Vanda e do presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro, votaram pela abertura da Comissão Processante.
No pedido, Júnior apontou três pontos para pedir a abertura da investigação:
- Há indícios de desvio de recursos públicos e má gestão financeira por parte da Prefeita Vanda Camilo, o que configura possível infração aos princípios da administração pública;
- Existem suspeitas de irregularidades em contratos firmados pela Prefeitura Municipal, o que demanda uma análise minuciosa para garantir a lisura dos processos licitatórios e a legalidade dos contratos celebrados;
- Observa-se uma possível omissão ou negligência da Prefeita Vanda Camilo na defesa dos interesses do município, tendo em vista que mesmo diante das irregularidades constatadas na Operação Tromper, não houve a rescisão dos contratos com algumas das empresas investigadas, o que pode configurar infração legislação vigente.
“Considerando a gravidade dos fatos apresentados e a importância de assegurar a transparência e a probidade na gestão pública, solicitamos a Vossa Excelência a imediata instauração de uma Comissão Processante para investigar as condutas da Prefeita Vanda Camilo”, ressaltou o vereador.
O requerimento foi aprovado por 12 dos 15 vereadores. O presidente, Otacir Pereira Figueiredo, o Gringo (PP), só vota em caso de empate. Enelvo não votou por ter sido o autor do requerimento. O único voto contra foi de Gabriel Auto Car, que é citado na investigação pelos integrantes da suposta organização criminosa.
Enquanto o legislativo dá início à instauração da Comissão Processante, o Ministério Público Estadual dá prosseguimento a investigação. O maior suspense está nos resultados da delação premiada, que é conduzida em sigilo chefe do MPE, Alexandre Magno Benites de Lacerda.
As investigações já resultaram na apresentação de duas denúncias por corrupção à Justiça. A primeira está fase final do julgamento, enquanto a segunda, que envolve o genro da prefeita, foi protocolada e aceita na última sexta-feira. Oito pessoas estão presas.
Votaram a favor da Comissão Processante:
- Adavilton Brandão – MDB
- Claesio Lechner – PSD
- Cledinaldo Marcelino Cotócio – PP
- Cleyton Martins Teixeira – PSB
- Cristina Fiuza – MDB
- Elieu da Silva Vaz – PSB
- Gilson Galdino – REDE
- Itamar de Souza Silva – PP
- Joana Michalski – PSB
- José Ademir Gabardo – PSDB
- Juscinei Claro Dino – PP
- Valdecir José Carnevalli – PSDB
A Comissão Processante pode levar ao afastamento do cargo da prefeita Vanda Camilo. Para Enelvo Júnior, a medida é necessária para dar tranquilidade ao município. Ele cita as empresas GC Obras e AR Pavimentação, que são investigadas na Operação Tromper e continuam recebendo uma fortuna do município.
Para tentar se desvincular do escândalo, as empresas tiraram os adesivos dos caminhões. “A gente sabe que são deles”, frisou o vereador.
Caso Vanda seja afastada, o comando do município fica com outra mulher, Rosi Fiúza (MDB), mulher de Daltro Fiúza (MDB), que venceu a eleição em 2020, mas acabou cassado pela Justiça Eleitoral e levou a vitória de Vanda na eleição suplementar.