É no tatame que Mato Grosso do Sul está reforçando a luta por representatividade. Por meio do judô, o Estado sobe ao pódio e abriga promessas de atletas moldados em diversas academias, entre elas, as oferecidas por programas sociais. Três desses lutadores, Bruno Luis Araújo Brito, Luan Felipe da Silva Fernandes e Vitor Hugo Cersosimo, estão nas categorias de base e foram os destaques do regional ocorrido no início do mês em Anápolis (GO).
Sobre os ombros dos meninos, ambos sub-13, repousa a expectativa do brilho mundial. E eles suportam, garante a sensei Gislaine Mendonça, que os acompanhou a Anápolis, e de onde Mato Grosso do Sul retornou com 102 medalhas. “Para essa competição, levamos 180 atletas e tivemos, ao todo, 39 de ouro, 25 de prata e 38 de bronze. Superamos o nosso rival, o Distrito Federal, e fomos campeões”.
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O torneio, explica a sensei, teve caráter regional, reunindo, além de Mato Grosso do Sul, equipes do Distrito Federal, de Goiás, de Goiânia, do Mato Grosso, de Rondônia e de Tocantins. “Tivemos atletas de nível nacional e jovens talentos que estão, agora, despontando em nível nacional”. Assim, por meio das medalhas de Luan e Vitor Hugo, o Estado é, respectivamente, quinto e terceiro colocado no brasileiro regional. Já Bruno Brito sagrou-se vice-campeão.
Para atingir os pontos mais altos do pódio, os judocas contaram com apoio da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul). “Esse apoio da Fundesporte foi imprescindível para levar os atletas a Anápolis. Eles disponibilizaram todo o transporte e a hospedagem de toda a delegação daqui de Mato Grosso do Sul”. O apoio é parte fundamental para esportistas que, muitas vezes, conseguem os primeiros ippons em tatames de projetos sociais como o integrado por Gislaine Mendonça, nos bairro Caiobá e no Conjunto União.
A sansei revela que ela mesma iniciou a carreira no judô por meio de iniciativa semelhante e nunca mais parou. “Dou muito valor a esse trabalho social, porque eu vim deles quando eu comecei a fazer judô. Iniciei por causa de um projeto social que abriu aula de judô próximo ao local onde eu morava”. Não demorou para os quimonos e ippons conquistarem a, hoje, educadora física, com pós-graduação e MBA em judô.
“Minha graduação em judô é faixa preta terceiro grau sandan e, hoje, além de ter a minha academia, a Marruá, ministro treinos em conjunto com a minha equipe. Nesses projetos, inclusive, foram descobertos atletas que foram para o brasileiro regional, como Luan e o Vitor Hugo”.
Agora, a equipe segue para mais um desafio, embarca para a Argentina no fim do primeiro semestre, levando Mato Grosso do Sul para as disputas do Mercosul. Com o sucesso, surge, ainda, a dúvida sobre a manutenção dos judocas em academias locais. “Geralmente, quando o atleta entra no alto nível chega no nível internacional é difícil segurá-lo. Eles saem para os grandes polos por receberem convite para treinar fora e os clubes daqui não conseguem manter”.
No lamento sobre a incerteza da permanência dos judocas no Estado no futuro, Gislaine destaca que o trabalho realizado nos projetos sociais e nas academias sul-mato-grossenses não tem porque recuar. A presença em competições de nível nacional e internacional eleva o nome de Mato Grosso do Sul para campos distintos da representação regional, como a economia.
“Hoje, Vitor Hugo, por exemplo, integra a equipe da academia da Associação Esportiva Marruá, onde recebe treinamento adequado e, com certeza, vai ser uma das grandes promessas. O mesmo acontece com Luan, que também tem treinamento na academia, porém ele permanece no projeto e ainda não faz parte ainda da equipe, mas com certeza vamos conseguir agilizar isso ele vai fazer parte da equipe da Associação. Esportiva Marruá também”.