A suposta organização criminosa chefiada pelo vereador Claudinho Serra (PSDB) conseguiu indicar a servidora Ana Cláudia Alves Flores, presa na 3ª fase da Operação Tromper, como pregoeira do Consórcio Central MS, formado pela Capital e mais quatro municípios. O consórcio iria realizar licitações milionárias com o objetivo de trazer economia as cinco prefeituras.
Uma das licitações em andamento é para o registro de preço para a construção de 12 mil unidades modulares para as prefeituras de Campo Grande, Sidrolândia, Terenos, Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia. O edital previa a abertura das propostas no dia 7 de maio deste ano e previa um contrato milionário.
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O caso mostra a ousadia e o alcance do grupo chefiado por Claudinho Serra, que também teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Fernando Moreira Freitas da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia. A suposta organização criminosa articulava para fraudar as licitações da Prefeitura de Sidrolândia, comandada pela sogra do parlamentar, Vanda Camilo (PP).
O chefe de licitações de Sidrolândia, Marcus Vinicius Rossentini de Andrade Costa, e Ana Claúdia foram presos na última quarta-feira, quando foi deflagrada a 3ª fase da Operação Tromper. Ela pediu a revogação da prisão preventiva ou a conversão em domiciliar. O Ministério Público Estadual foi contra o pedido.
Ao incluir Ana Cláudia como pregoeira do Consórcio Central MS, a suposta organização criminosa ampliava o alcance. O consórcio foi criado no início do ano passado e o coordenador técnico é Vanderlei Bispo.
O Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região Central foi criado com o objetivo de obter recursos e realizar licitações para promover economia para os cofres municipais nas áreas de infraestrutura, educação, saúde, assistência social, habitação, segurança pública e saneamento.
O Jacaré teve acesso ao pagamento realizado no valor de R$ 2 mil para Ana Cláudia pelo Consórcio Central em setembro do ano passado. Ela continua como pregoeira oficial e é responsável pela concorrência 02/2024, que prevê o registro de preços para a aquisição de mil unidades modulares.
O edital prevê 2 mil banheiros, 1,8 mil aparelhos de ar-condicionado de 12 mil a 36 mil BTUS, 10 mil cadeiras de auditório, 10 mil conjuntos escolares padrão adulto, 12 mil conjuntos aluno infantil e 16 mil conjuntos juvenis, 1,8 mil aparelhos de TV de 32 a 86 polegadas, entre outros.
O valor não foi revelado, mas para a construção de 166 salas modulares, a Prefeitura de Campo Grande investiu R$ 42 milhões com a adesão à ata realizada pelo Cointa (Consórcio dos Municípios do Taquari). Esse procedimento está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual em Coxim.
O MPE ainda não está analisando o caso específico da participação do grupo no Consórcio Central MS, mas deverá averiguar se houve alguma licitação direcionada para contemplar um dos integrantes da organização criminosa chefiada por Claudinho Serra.
O Jacaré procurou a assessoria da prefeitura da Capital, onde o Consórcio Central MS funciona e aguarda retorno sobre a contratação de Ana Cláudia como pregoeira.