Celso Bejarano
No ano de 1865, quase 160 anos atrás, ou há um século e meio, ocorreu um brutal assassinato, em Corumbá, cidade situada a 428 km de Campo Grande, na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia. Jerônimo Joaquim Peres, então subdelegado da cidade, morreu decapitado.
À época, dominava o país D. Pedro II, imperador do Brasil. Não havia Mato Grosso do Sul. Chamava-se a região apenas de Mato Grosso. Agora, o porquê da reminiscência macabra?
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Explica-se.
Dias 26 e 27 deste mês de março, lá em Corumbá, ou Curupah, uma combinação de letras criadas pelo povo indígena tupi-guarani, cujo significado remete a um lugar distante, longe, ocorrem eventos históricos que, entre outros episódios, vai suscitar a violenta trama que sumiu com o subdelegado.
SPOILER
Datava 19 de fevereiro de 1874, 150 anos atrás, perto de uma década depois do assassinato de Jerônimo, quando surgia a primeira comarca, ou a circunscrição judiciária sob a jurisdição de um juiz de Direito, em Corumbá. Réus do caso foram julgados, à época.
Para se ter ideia dos anos que se foram basta recordar que Campo Grande, maior cidade e a capital de Mato Grosso do Sul, hoje com quase 1 milhão de habitantes, nem sequer existia – foi fundada em 1899.
Quando fundado o fórum de Corumbá, a cidade tinha três praças, dez “ruas retas” e população de 6 mil habitantes. Hoje, moram no município em torno de 100 mil pessoas.
As histórias que zanzaram pelo fórum de Corumbá serão contadas por meio uma obra literária produzida pelo Departamento de Gestão Documental e Memória do Tribunal de Justiça de MS. O Jacaré tentou, nesta semana, inteirar-se mais da coletânea, porém seus criadores têm reservado o acervo para exibi-lo somente nos dias 26 e 27, datas que o comando da corte estadual promove a celebração jurídica de Corumbá, também conhecida como Cidade Branca.
O Jacaré apurou, ainda, que no antigo fórum de Corumbá foram debatidos processos que cuidaram de casos ocorridos na Guerra do Paraguai (1864-1870.
Serviço
A assessoria de imprensa do TJ-MS informou que no período comemorativo, a administração da corte está convidando representantes dos órgãos integrantes do sistema de Justiça, para nos dias 26 e 27 de março, reunirem-se em Corumbá para uma extensa agenda de comemorações.
Está prevista, segue a assessoria, a inauguração de monumento alusivo ao sesquicentenário do programa “Rastros da História” e de uma ampla exposição histórica do Poder Judiciário e instituições com afinidade ao tema, por meio de banners, objetos e documentos. Um Selo Comemorativo também será lançado como tributo à comarca de Corumbá, além do livro de 150 anos.
Na manhã do dia 26, diz a assessoria, também será iniciado o depósito de mensagens em uma “Cápsula do Tempo” que será preservada para ser aberta no ducentésimo aniversário.
São mensagens, pequenos objetos e documentos de magistrados do MS, servidores da comarca, autoridades locais, representantes dos Poderes e instituições públicas do Estado, das forças armadas, de instituições de ensino superior e crianças que participam do programa Memórias do Judiciário nas Escolas, desenvolvido desde o ano passado pelo Departamento de Gestão Documental e Memória do TJMS. Todos estes estão convidados a deixar um testemunho individual na cápsula para as futuras gerações.
Na tarde deste dia, acontecerá o segundo Gabinete de Integração, no qual o presidente do TJMS, desembargador Sérgio Fernandes Martins, fará as entregas oficiais de melhorias, de medalhas a servidores e assinatura de parcerias. Em seguida será apresentada peça teatral contando um processo histórico da comarca.
A apresentação tem o apoio da Município de Corumbá e será realizada por meio de sua Fundação de Cultura.
No dia 27, pela manhã, informou a assessoria da corte, mais duas placas do programa “Rastros da História” serão instaladas diante do antigo fórum e do museu da cidade. São placas de metal instaladas na calçada, numeradas de um a três e cada uma tem seu QR Code que remete a um vídeo na página do Memorial do TJMS, onde a história é contada e pode ser desdobrada em suas diversas ramificações.
À tarde, está programada uma Sessão Solene, na qual os Desembargadores do TJMS julgarão processos do Segundo Grau de jurisdição e farão entregas oficiais. A sessão contará com autoridades municipais e estaduais e será o momento de redigir a ata oficial do evento e depositar na “Cápsula do Tempo”, juntamente com mais cartas e documentos, e fechar definitivamente a urna que será afixada em seu local definitivo no Fórum.