Investigado por ganhar cerca de R$ 6 milhões com uma série de golpes, o empresário Diego Aparecido Francisco usava os nomes do secretário estadual de Segurança, Antônio Carlos Videira, e do ex-governador André Puccinelli (MDB) para intimidar as vítimas e evitar o registro do boletim de ocorrência.
Até a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) era citada para causar medo e evitar que a caso chegasse à Polícia Civil. Um policial civil se apresentava como delegado quando o comprador aparecia para cobrar a devolução do dinheiro em decorrência da não entrega dos veículos.
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Os detalhes do modus operandi de Diego, que teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, constam do relatório feito pelos delegados da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Dourados, Erasmo Bruno de Mello e Jônata Rafael Montenegro Venâncio de Moraes.
Os pais de Diego, Izabel Cristina Ferreira Francisco e Sérgio Francisco Filho, também participavam das intimidações. A organização criminosa, que vem aplicando uma série de golpes desde 2021, ainda seria integrada por um advogado e um policial civil.
“Iniciam as intimidações no intuito de desestimularem as pessoas a denunciar o esquema criminoso, momento em que utilizam de ameaças e até de nome de autoridades públicas e políticos, para confirmarem sua influência e repassarem uma imagem que estão acima das leis, isentos de responsabilização”, destacaram os delegados.
Conforme o depoimento de um empresário, que perdeu R$ 1,5 milhão, Diego disse que não adiantaria fazer ameaça porque “conhecia Carlinhos”, referindo-se ao secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira. Para outra vítima, ele disse que era “muito amigo” do secretário e “bem amigo” de André Puccinelli.
O ex-governador negou qualquer vínculo de amizade ou conhecimento com o golpista. “Esse moço aí é difícil pra dizer pouco. Tentou aproximar-se de mim na campanha ao governo e ainda na mesma me afastei dele”, contou André, sobre o “Gordo”, como Diego também é conhecido.
Em outra ocasião, Diego Francisco revelou que conhecia integrantes do PCC, a temível facção criminosa surgida nos presídios paulistas e que vem tocando o terror em vários estados brasileiros.
Para ajudar o filho a assustar a vítima, conforme o depoimento de um outro, que perdeu R$ 320 mil, Sérgio ficava batendo na porta e gritando, fazendo confusão, ameaçando entrar para “resolver”.
Um advogado também teria participado das intimidações, mas o juiz Deyvis Ecco, da 2ª Vara Criminal de Dourados, não considerou que há evidências contra o mesmo. O policial civil é alvo de inquérito da corregedoria da Polícia Civil.
Diego também é réu por dar o golpe do falso leilão em um casal de evangélicos junto com o ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Antunes Olarte (sem partido), e a gerente do banco Safra. Os comerciantes tiveram prejuízo de R$ 800 mil. Os três respondem pelo crime de estelionato na 6ª Vara Criminal de Campo Grande.
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