O projeto de lei do deputado federal Marcos Pollon (PL) de acabar com uma das poucas alegrias do trabalhador brasileiro, que são os feriados em dias úteis na semana e os chamados “feriadões” causou indignação em trabalhadores. Até o presidente presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande é contra a proposta.
Conforme a proposta de Pollo, seriam extintos os pontos facultativos em órgãos públicos e os feriados que caírem em dias úteis, transferidos para o domingo seguinte à data comemorativa. A iniciativa privada ficaria livre para decidir sobre o funcionamento de seus estabelecimentos.
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Para o presidente da CDL-CG e chefe da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Adelaido Vila, acredita que o projeto não deve ser aprovado pelo Congresso Nacional porque prejudicaria setores do comércio.
“Na verdade é o seguinte, o setor varejista quando um lado dele não está indo muito bem, o outro lado vai bem, então existem atividades que se complementam o tempo todo”, diz Adelaido.
“Quando a gente fala, por exemplo, de um feriado, um feriado prolongado, isso não quer dizer que o setor varejista não esteja vendendo, não esteja se beneficiando disso. Porque você começa a beneficiar o setor do turismo, você começa a beneficiar o setor hoteleiro, você começa a beneficiar outros setores do setor varejista. E quando o feriado acontece eles são beneficiados, aí você muitas vezes não tem aquele benefício no dia do feriado, naquela semana do feriado”, explica o dirigente.
Além da questão econômica, Adelaido Vila também aponta para a situação dos trabalhadores, que perderiam uma folga extra para recuperar as baterias.
“E no Brasil, a gente tem essa quantidade de feriado por quê? Porque a gente sabe que o nosso povo é sofrido, não ganha o que gostaria de ganhar e nem aquilo que realmente levaria ele a uma outra condição, né? Então essas paradinhas são muito estratégicas para que essa pessoa consiga suportar o quanto ela trabalha para o que ela ganha, né?”, defende.
Outro ponto que sempre é lembrado quando o assunto são os feriados brasileiros, é o senso comum de que é o país com mais feriados no mundo, mas a realidade não é bem essa.
Estudo internacional da consultoria em recursos humanos Mercer calculou, que o Brasil tem número de feriados semelhante a países como Canadá, França, Itália e Suécia, com 11 feriados cada.
Na América Latina, a Colômbia é campeã de feriados (18), seguida por Argentina e Chile (15 cada). O México, por outro lado, tem apenas sete feriados.
Alguns países europeus também figuram entre os que possuem mais dias de folga, como Finlândia e Espanha, com 15 e 14 feriados, respectivamente. Entre os asiáticos, além dos já citados, o Japão figura no terceiro lugar com 15 comemorações nacionais.
Apesar de muito se falar sobre a grande quantidade de feriados no Brasil, o país só aparece na sétima posição, ao lado de África do Sul, Peru e Grécia. Ao todo, há 12 feriados nacionais.
Como chefe da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Adelaido Vila ainda diz que os feriados trazem economia para os cofres públicos, já que as repartições municipais, estaduais e federais fecham.
Nas redes sociais, a maioria dos trabalhadores criticaram o projeto de lei. Alguns lembrando que os próprios deputados trabalham apenas três dias por semana, de terça a quinta-feira, quando há votação na Câmara, e ganha salário de R$ 41 mil, fora os diversos benefícios.
Além disso, podem criar seus próprios feriadões, como fizeram os parlamentares bolsonaristas fizeram obstrução, ou seja, não votariam projetos, a ganharam duas semanas sem trabalho.