Jair Bolsonaro (PL) fez um apelo para Nelsinho Trad (PSD) votar contra a Reforma Tributária no Senado, mas o pedido foi ignorado pelo sul-mato-grossense. Conforme conversa flagrada pelo jornal O Estadão, o senador afirmou “ter sofrido” junto com o ex-presidente e “triste” com a atuação “apagada”, mas se justificou para votar com o Governo Lula (PT).
Bolsonaro se empenhou pessoalmente para tentar derrotar a gestão petista e derrubar a Reforma Tributária no Senado. A proposta acabou aprovada em dois turnos por 53 votos a favor e 24 contrários.
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“Trad, você amanhã será decisivo para derrotarmos a reforma tributária”, disse o contato identificado como “JMB” no celular do ex-prefeito da Capital. As iniciais batem com o nome de Jair Messias Bolsonaro. Para convencer o aliado, ele até usa um fake news, de que Lula vai aterrar o canal da transposição do Rio São Francisco para voltar a usar carro pipa para distribuir água aos nordestinos.
Nelsinho chama o interlocutor de “presidente” e se justifica para votar a favor da Reforma Tributária. “O relator atendeu o nosso pleito com o governador os pedidos para compensar a perda que a equação do fundo irá proporcionar aos estados do centro-oeste e coloquei essa condição para votar a favor”, explicou.
O senador intermediou uma reunião do governador Eduardo Riedel (PSDB) com o relator, o senador Eduardo Braga (MDB), que acatou a emenda para reduzir as perdas de Mato Grosso do Sul no Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional. “Empenhei minha palavra nessa questão”, justificou-se Nelsinho.
Em seguida, ele apela para que o ex-presidente o compreenda. “Tenho sofrido com o senhor, mesmo estando distante”, pontuou. “Esse povo não é o nosso povo”, continuou. “Tô triste e com atuação apagada”, admitiu o senador, sobre o mandato no Senado Federal. “Não vejo a hora da gente voltar”, concluiu, deixando abraços para o ex-presidente.
Ao ser questionado pelo jornal paulista, Nelsinho disse que a mensagem era do senador Flávio Bolsonaro (PL), do Rio de Janeiro. Ao ser questionado porque chamou o colega de parlamento de “presidente”, Trad decidiu ser truculento na resposta: “eu me reservo a responder do jeito que eu quero”.
Bolsonaro conseguiu convencer a senadora Tereza Cristina (PP), que chegou a elogiar a Reforma Tributária, que chamou de sistema mais “eficiente e justo”, mas votou contra a proposta.
Apesar de ser ex-bolsonarista, a senadora Soraya Thronicke (Podemos) também votou contra a proposta. “O Brasil precisa de uma reforma tributária? CLARO QUE SIM! Mas não podemos aceitar qualquer reforma sob esse pretexto”, justificou-se a parlamentar, que foi candidata a presidente defendendo a criação de um imposto único.