Nesta quarta-feira (2), às 19h no Teatro do Mundo, em Campo Grande, ocorre o lançamento do livro “A Igreja Resistente”, do doutor em Ciências Políticas Mario Doraci Pinheiro. Formado em Jornalismo pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o autor vive na capital da França desde 2000, onde concluiu seu doutorado pela prestigiosa universidade Paris 9.
A obra é o resultado de 10 anos de pesquisas, entre os anos de 2002 a 2013. “É a tradução da minha tese de doutorado”, explica Mario Pinheiro. “O livro relata o nascimento do MEB, movimento de educação de base da Igreja Católica dos anos 1950, que era para alfabetização. Mais tarde, o MEB utiliza o método de Paulo Freire. Com a entrada do golpe militar, eles proíbem o MEB porque a Igreja Católica tinha se tornado popular com o trabalho que ela realizava”.
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O autor conta que o método de alfabetização criado pela igreja chegava aos “rincões do Nordeste” por meio de escolas radiofônicas. “Era um programa copiado da Colômbia que deu muito certo lá”, conta Mario. Mesmo com a intervenção militar, e a utilização de sua metodologia do Mobral, o movimento católico não deixou de dar assistência a quem precisava de apoio.
Desta forma, a Igreja é resistente porque não se entrega e não se acovarda diante das pressões dos militares e torturadores, nem se ajoelha aos grandes proprietários e jagunços. Ela grita e faz do grito dos pobres também seu grito de libertação.
A história contada no livro vai de 1950 a 1985 e retrata o engajamento político da Igreja Católica progressista no Brasil através de suas pastorais da terra, do índio, do camponês, dos excluídos e esquecidos pelo poder público.
Inicialmente, o livro seria lançado pela editora Chiado Books, mas como não foi cumprido “uma linha do contrato”, o direito autoral voltou para o pesquisador e a obra é novamente lançada. “O livro passou por uma revisão completa e agora sai pela Drago Editorial, do Rio de Janeiro”, diz Mario Pinheiro.
O lançamento em Campo Grande é uma forma de celebrar o momento ao lado dos amigos, já que viveu na cidade por 15 anos, onde passou a vida universitária e profissional. Antes de se mudar para a capital francesa, Mario era assessor de imprensa da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) na Capital.
Os perrengues nos primeiros anos vivendo em Paris foram tema de seu primeiro livro, “A Resistência Coroada”. Em que narra todas as experiências na terceira pessoa, vividas pelo personagem José.
“Eu tenho muitos amigos aqui, gosto de Campo Grande, vivi 15 anos e estudei por aqui, onde me formei em Jornalismo e Filosofia”, conta Mario Pinheiro.
Uma das formas de manter contato com a cidade é através de sua coluna para o O Jacaré, “No Divã Em Paris”, em que escreve desde 2021.
Mario Doraci Pinheiro nasceu em Piracaia, São Paulo, viveu em Perus onde foi engraxate e metalúrgico antes de ingressar no seminário franciscano de Agudos. Estudou filosofia e jornalismo em Campo Grande.
Fez mestrado em sociologia da comunicação e doutoramento em ciências políticas pela universidade Paris 9, França, e um ano de pós-doutorado em sociologia pela universidade do Minho, em Braga. É tradutor e intérprete, já publicou A Resistência Coroada e trabalhou na educação francesa durante sete anos com alunos deficientes.