Sete anos após a queda cinematográfica da ponte sobre o Rio Santo Antônio, em Guia Lopes da Laguna, a ação para cobrar o ressarcimento pelos prejuízos patina na 2ª Vara de Jardim. O Governo e o ex-deputado e engenheiro Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano, divergem sobre a realização de perícia para analisar se houve falha na obra, que custou R$ 1,9 milhão – o valor corrigido pela inflação oficial chega a R$ 3,5 milhões.
O caso é mais um exemplo emblemático de se punir e cobrar os responsáveis pela corrupção e por obras malfeitas pelo poder público em Mato Grosso do Sul. A obra começou em julho de 2011 e foi inaugurada em abril de 2012 pelo então governador André Puccinelli (MDB). A ponte ruiu diante das câmeras no dia 2 de janeiro de 2016 e viralizou como mau exemplo de obra genuinamente brasileira.
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O Governo do Estado ingressou com ação para produzir provas e cobrar o prejuízo em 17 de agosto de 2017, um ano e meio após a queda espetacular. A administração estadual licitou e construiu a nova ponte na MS-382, que custou R$ 4,425 milhões.
Só que a ação patinou na Justiça. O primeiro problema foi encontrar um perito para a avaliar as condições da obra e apontar as causas do desabamento em efeito dominó. Somente no ano passado, a Linear Perícia e Consultoria aceitou a realização do trabalho.
Na inspeção prévia, os peritos Vinicius dos Santos Monteiro, Rendrix Marcelo Pereira Durães e Guilherme César Ribeiro Spies concluíram que é possível realizar a perícia. “Face às considerações expostas no decorrer do presente relatório técnico preliminar, temos que é possível a realização do Laudo Pericial com algumas limitações, isto é, a Perícia, em função do tempo decorrido e da construção da nova ponte, não poderá trazer exames mais aprofundados e conclusivos acerca da execução da obra e se esta execução seguiu fielmente o projeto”, ressaltaram.
“Todavia, a Perícia contribuirá no sentido de examinar o projeto e concluir se o mesmo seguiu as normas e boas práticas construtivas, concluindo se a forma em que o este projeto foi concebido poderia ou não ter sido fator determinante, agravante ou concorrente no desabamento da ponte. A Perícia também analisará o histórico de manutenções e outras intervenções eventualmente realizadas no período, bem como sua participação no sinistro”, relataram.
A Agesul concordou com a perícia e topou pagar os R$ 56 mil, incluindo já o valor da inspeção prévia. Já a defesa de Beto Mariano, feita pelo advogado José Valeriano Fontoura, não concorda porque a perícia será pouco profícua.
Agora, a decisão caberá à juíza Melyna Machado Mescouto Fialho, da 2ª Vara de Jardim. O processo está concluso para despacho da magistrada desde 12 de dezembro do ano passado.