O longo tempo de prisão preventiva virou a principal munição para os acusados de chefiar a organização criminosa que deu golpe em aproximadamente 1,3 milhão de investidores. Sob pressão, o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, deu ultimato para o Ministério Público Federal concluir em sete dias o inquérito da Operação La Casa de Papel.
Conforme o magistrado, dos seis supostos líderes da quadrilha, apenas um, Cláudio Barbosa, está foragido. Os outros cinco estão presos desde 19 de outubro do ano passado. Depois do braço financeiro do grupo, Diorge Roberto Ribeiro Chaves, o banqueiro, o filho dele, Diogo Ribeiro Chaves, ingressou com habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
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A alegação é a mesma do pai. Eles estão presos desde 19 de outubro do ano passado e o longo prazo atrás das grades passou a ser inconstitucional. Em despacho publicado na quarta-feira (18), a juíza convocada Mônica Bonavina, substituta do desembargador Faucsto Di Sanctis, postergou a análise do pedido de liberdade de Diego. Ela determinou a juntada dos documentos.
Enquanto isso, o MPF corre contra o tempo para concluir o inquérito e apresentar a denúncia à Justiça Federal. “Instado a se manifestar, o Parquet Federal informa que a peça acusatória está em adiantado estágio de elaboração, pelo que requer a concessão de mais 7 (sete) dias de prazo”, pontuou o magistrado em outro despacho, também publicado anteontem.
“Ressalta que se trata de investigação que resultou em grande operação, envolvendo inúmeros integrantes de organização criminosa, em vários estados da Federação, voltada para a lavagem de dinheiro. Ademais, foram apurados vários delitos, os quais possuem certa complexidade de abordagem, visto que incluem criptoativos, supostas instituições financeiras e atuação em outros países”, relatou.
“Ora, os delitos objeto da presente apuração são tidos como graves, eis que causam grande repercussão social e graves prejuízos ao sistema financeiro nacional. Convém destacar ainda que se trata de grande operação que, na sua fase ostensiva, foram apreendidos 30 (trinta) celulares (os quais demandaram a extração e a análise dos dados extraídos), inúmeros documentos, veículos e bens (inclusive, 268 quilos de esmeraldas, sem respectivo título minerário ou emissão de documentação legal/origem), o que demonstra a complexidade do caso”, concordou o magistrado.
Conforme a PF, o grupo é suspeito de ter dado golpe de R$ 4,1 bilhões em 1,3 milhão de investidores. Bruno Cezar da Cunha Teixeira destacou que a defesa está usando o longo prazo de prisão para embasar o habeas corpus e determinou que a procuradoria apresente a denúncia em sete dias.