O comércio do Centro de Campo Grande enfrenta uma das maiores crises da sua história. Dezenas de lojas fecharam as portas e o grande número de imóveis disponíveis para alugar é visível após a obra do Reviva Centro, revitalização que teve investimento de R$ 295 milhões (US$ 56 milhões).
A promessa de virar point, com a transformação da Rua 14 de Julho em shopping a céu aberto, não vingou. De acordo com o levantamento do Correio do Estado, 52 estabelecimentos baixaram as portas e os prédios seguem vazios, com placa de aluga-se no quadrilátero das ruas 14 de Julho, Calógeras e Fernando Corrêa da Costa.
Veja mais:
Prefeita atrasa pagamento, empresa abandona obra e revitalização vira pesadelo na Calógeras
Revitalização da 14 de Julho sobe R$ 11,2 milhões e repaginada fica mais cara que o previsto
Prefeito rebate CDL e ressalta que Reviva quer evitar a falência do Centro
Centro agoniza com obra milionária: 47% das lojas fecham e 7,5 mil perdem o emprego
Para a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, grande defensora da revitalização, os motivos para fechamento vão desde o alto preço do aluguel, a descentralização das lojas e a crise causada pela pandemia da covid-19.
“A existência de imóveis comerciais para alugar na área central pode ter como justificativa uma série de fatores, como a crise sanitária da pandemia da Covid-19, com impacto muito forte na economia nacional, regional e local; o fortalecimento da atividade comercial e de serviços nos bairros, provocando a descentralização dos negócios; o valor dos aluguéis no Centro, reajustados após as obras de revitalização, dificultando ainda mais para o empresário manter-se na localidade, que já possui um valor mais alto de IPTU”, avaliou o arquiteto Sérgio Seiko Yonamine, falando pela entidade.
“O motivo das lojas fecharem vem sendo o valor alto que o aluguel está, as reformas do Centro e a pandemia. Eu percebi que, logo depois que terminaram as obras do Centro, muitos lojistas fecharam”, declarou a gerente da loja Color Zoom Photo e Óptica, Renata Isabelle dos Reis Belga.
“Estas reformas e a pandemia atrapalharam o movimento no Centro e desmotivaram as pessoas a virem para cá”, avaliou o gerente de uma loja de roupas, Wesley Araujo, 29. “O nosso público é maior nas redes sociais que na rua, 70% das vendas são on-line. Se fossemos depender só dos clientes presenciais, já não estávamos mais aqui”, explicou.
Idealizado na gestão de Juvêncio César da Fonseca, o Reviva Centro começou a sair do papel com a aprovação do financiamento na gestão de Alcides Bernal (PP). A execução das obras começou no mandato de Marquinhos Trad (PSD), que inaugurou a revitalização da 14 de Julho.
As obras do Reviva Campo Grande estão com a segunda etapa em andamento. Estão sendo finalizadas as obras do microcentro, recapeamento e calçadas, com previsão de entrega para este mês.
Alguns projetos estão atrasados, como a vila dos idosos e o conjunto de apartamentos populares.
Além de revitalizar, o maior desafio é o povoamento do Centro, um problema na maior parte das cidades do mundo.