A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa seguiu o exemplo da Câmara dos Deputados e apresentou projeto prevendo reajuste escalonado de 37,32% nos salários dos deputados estaduais. O subsídio passará de R$ 25.322,25 para R$ 34.774,64 em fevereiro de 2025. O aumento é proposto três anos após o parlamento reduzir em 32% os salários dos professores sem concurso na rede estadual.
Conforme o projeto – assinado pelo presidente, Paulo Corrêa (PSDB), pelo primeiro secretário, Zé Teixeira (PSDB), e pelo segundo secretário, Herculano Borges (Republicanos), o salário passa para R$ 29,469,99 no dia 1º de fevereiro de 2023; para R$ 31.238,19 em 1º de abril do próximo ano; R$ 33.006,39 a partir de 1º de fevereiro de 2024; e até chegar a R$ 34.774,64 em fevereiro de 2025.
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Os deputados ainda terão direito a um “auxílio mudança” no valor do subsídio no início e no final de cada mandato. Ou seja, vão ganhar R$ 29.469,99 no próximo e mais R$ 34,7 mil em janeiro de 2027. Além disso, eles já recebem 13º salário.
O aumento de R$ 9,4 mil no salário do deputado estadual representará quase o dobro do valor pago um professor temporário por 40 horas na rede estadual de segunda a sexta-feira. O parlamentar só comparece às sessões de manhã de terça a quinta-feira.
O aumento proposto pela Câmara dos Deputados, que elevará o salário do deputado federal e senador de R$ 33.763 para R$ 46,3 mil, vai criar um efeito cascata, elevando os supersalários pagos aos desembargadores, juízes, promotores, procuradores de Justiça e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.
“A fixação pela atual Legislatura da remuneração dos próximos deputados estaduais é exigida no inciso XII do artigo 63 da Constituição de Mato Grosso do Sul”, conforme a justificativa de Corrêa.
“Recompor parcialmente os subsídios dos deputados de Mato Grosso do Sul, sendo que o valor nominal a que fazem jus o parlamentar estadual não é revisado desde dezembro de 2014”, pontuou a Mesa Diretora na justificativa. Eles dizem que a inflação acumulada desde 2014 é de 60%. No entanto, só citam o reajuste de 2023, que será de 16,38%.
A falta de dinheiro não afeta apenas a educação. O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian não realiza cirurgias bariátricas há vários meses por falta de produtos. Pacientes aguardam por exames desde junho por falta de contraste.
Em nenhum momento, os deputados estaduais verificaram o impacto do aumento nos próprios salários.
É a manutenção triste e lamentável do atraso na política brasileira, na qual os políticos são bem renumerados, enquanto a população sofre os efeitos da “crise”.